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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

15
Abr13

Estão bastados

David Crisóstomo

 

E você, lembra-se dos amanhãs dourados que a iluminada direita portuguesa prometia?

Lembra-se do 'isto vai lá com o corte nas gorduras'? Do 'acudam que há asfixia democrática'? Do 'temos o primeiro-ministro mais mentiroso da história da nossa nobre nação'? Do 'o maior aumento de impostos de sempre'? Do 'há limites para os sacrifícios dos portugueses'?

Então e desta imagem que se viralizou pela blogocoisa indignada da altura, lembra-se?

 

 

E a imagem foi popular. Oh se foi. Muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito popular. Já bastava. Criou-se um hexágono revoltado e toca de o propagandear por toda a santa web. E o governo caiu. E veio esta coisa dita governamental que dia após dia se dedica ao dilaceramento da economia portuguesa, destruindo e desprezando, quais bestas ignorantes, toda a evolução social pela qual o país passou. Isto enquanto não conseguirem subverter a Constituição da República Portuguesa a um textito escrito em papel vegetal que possibilite ignorarmos de vez aquele conceito exótico a que chamamos 'Estado de Direito'. E os direitas bastóides aplaudem, claro. E se este governo cair vão dizer que, coitadinho, não conseguiu levar até ao fim o seu plano redentor que salvaria a pátria de todos os males do mundo. E ainda vai haver alguém que acredite, pois consta que o Alzheimer é uma epidemia em expansão.

 

Há uma direita nacional que crê que temos todos memória de periquito alaranjado. Já basta, sim?

 

14
Abr13

"Anatomia" do discurso e da atuação da direita nacional

Cláudio Carvalho

- Se o PIB contrai mais do que o previsto, culpamos o anterior governo xuxa
- Se a taxa de desemprego aumenta mais do que a estimativa chegando perto dos 20%, culpamos os xuxas da esquerda parlamentar. 
- Se o desemprego jovem chega aos 40%, continuamos a apostar em programas inférteis com nomes pomposos e culpamos os xuxas dos jovens que não querem emigrar. 
- Se os juros da dívida diminuem, capitalizamos o mérito para o Governo. Se os juros da dívida aumentam, a culpa é da conjuntura internacional e da herança xuxa
- Se nos enganamos nas previsões da receita fiscal em 3,1 mil milhões de euros, aumentamos ainda mais os impostos, culpamos o xuxa do José Sócrates e ponderamos a possibilidade de lançar uma outra petição para o proibir de se expressar num qualquer órgão de comunicação social.
- Se não conseguimos cortar na despesa, mesmo sabendo que não nos vão deixar, insistimos em usar a receita extraordinária advinda da concessão da ANA para "tapar" o défice e, de seguida, culpamos os sacanas dos xuxas do Eurostat. 
- Se decidimos destruir o consumo e o investimento, apostamos nas exportações e fechamos delegações da AICEP porque são uma marca xuxaEntretanto, as exportações estagnam, e encetamos um discurso laudatório em torno das marcas governativas dos sacanas dos xuxas que nos precederam. 
- Se propomos um Orçamento de Estado que sabemos que à partida tem normas inconstitucionais, imputamos a culpa aos xuxas do Tribunal Constitucional e aos xuxas-pândegos dos funcionários públicos. 
- Se falhamos todas as previsões e nos dizem para renegociar as condições do PAEF, contrapomos dizendo que são todos uma cambada de comunas que atentam contra o interesse nacional e, volvidos uns meses, aí sim, renegociamos. 
- Se, de qualquer das formas, temos que arranjar forma de cortar na despesa, priorizamos cortes nos xuxas-malandros que recebem subsídios de desemprego e de doença. 
- Se alcançamos resultados medíocres nas sondagens, colamos os xuxas do PS ao memorando de entendimento, vilipendiamos o resto da esquerda xuxa e culpabilizamos os xuxas da "troika" pelos resultados, mesmo estando na sétima revisão do programa e apesar de termos encetado medidas de consolidação muito para lá das que nos eram exigidas.

- Desviar toda e qualquer responsabilidade de qualquer outra medida negativa para terceiros e aprovar votos de louvor a todos os membros do governo afetos ao PSD que acabem, eventualmente, por desertar.

25
Mar13

(Não) Jogar no terreno da direita. Afirmar uma alternativa.

Cláudio Carvalho

A grande vitória da direita lusa ocorreu quando, perante os cidadãos do país europeu mais desigual da OCDE, conseguiu evangelizar a classe média e a classe baixa com a ladainha de que "vivemos acima das possibilidades".

Venceu quando começou a extrapolar demagogicamente casos particulares para ficcionar um determinado contexto sociocultural, como são exemplos os recursos abusivos e hostis aos ditos, pela direita nacional, “malandros do rendimento mínimo”. Quando convenceu alguns de que a responsabilização é "dicotómica de" ou "suprema a" um patamar mínimo de proteção social e que a punição é prioritária à reabilitação. Quando convenceu outros de que a caridade substitui eficientemente a segurança social. Saiu gloriosa quando enraizou, sem qualquer pudor, a tese hipótese de que a classe baixa tem um padrão de consumo mais propenso à importação do que a classe alta; que comer bife é hábito de rico. Triunfa quando vinca, no seu timbre clerical, que é nobre ter-se respeitinho pela ordem social, ser-se obediente ao Estado e, sobretudo, ser-se indefetivelmente leal ao sistema tributário para continuar a alimentar os sucessivos erros de planeamento estratégico e financeiro dos executivos. Levou de vencida, quando instituiu como natural a desigualdade e a falta de igualdade de oportunidades e de mobilidade social mas, também, quando fez esquecer que não há liberdade sem liberdade económica.

É neste novo “terreno” que as esquerdas recetivas à economia de mercado – não só na vertente partidária, como em movimentos culturais, sindicatos, correntes de opinião, etc. - têm de “jogar”, transfigurando-o, se quiserem vencer politicamente. Não querendo elaborar apologias deterministas, as esquerdas devem rejeitar o argumentário supra exposto de cariz hobbesiano e que procura bipolarizar a sociedade (i.e. gerações e classes). Devem afirmar-se como alternativa, aprender com os erros do passado e não entrar no discurso tático de apontar nuances de posicionamento que pouco impacto têm, no panorama macroeconómico e social, a longo prazo. Talvez resida aqui a atual grande descrença da esquerda sociológica na esquerda política – incluindo, o parco distanciamento entre a esquerda e a direita nas sondagens - e é, neste vetor, que alguns responsáveis da esquerda política deveriam fazer ajustes de discurso e de opções políticas. Primeiro, é preciso afirmar e personificar uma estratégia social e cultural diferente, para depois vencer politicamente. 

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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