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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

24
Abr13

Uma nota importante, ainda, quanto ao Impulso Jovem

Cláudio Carvalho

Uma das críticas que se costuma fazer ao programa "Impulso Jovem" é o facto dos estagiários serem supostamente pagos a "preço de saldo". Esta crítica é, principalmente, da responsabilidade de pessoas afetas à esquerda, nomeadamente ao Partido Socialista. Ora, as remunerações dos estágios ao abrigo do programa em causa estão alinhadas com a Portaria nº 92/2011, de 28 de fevereiro, sucessivamente alterada pelas Portarias n.º 309/2012, de 9 de outubro, n.º 3-B/2013, de 4 de janeiro e n.º 120/2013, de 26 de março que regula o Programa de Estágios Profissionais. Portanto, estas alterações foram introduzidas por um governo socialista. A anterior Portaria (n.º 129/2009) vinculava ao pagamento de 838,44€/mês por estagiário com o grau de licenciado, mestre ou doutor. Agora, o valor ilíquido, para a mesma categoria, é igual a 691,71€/mês. 

Custa-me, particularmente, ler e ouvir, hoje, certas pessoas que, no passado, calaram, hipocritamente, perante esta redução abrupta de 17,5%. Perante sucessivos alertas, criticavam ou calavam. Hoje, o cenário político é diferente e tudo serve para "arma de arremesso". Memória curta, portanto. É lamentável.

22
Abr13

Saga "A Igreja Universal do Reino de Miguel Gonçalves"

Cláudio Carvalho

«É um mito muito grande as pessoas dizerem que não há trabalho.»

«Nós temos identificados os principais motivos pelos quais as pessoas estão desempregadas. (...) O primeiro é o de pessoas que não pensam bem o mercado, que têm um erro de análise tremendo. São pessoas de direitos que se esquecem dos seus deveres e esperam que as empresas as convidem a juntar a elas. Estão permanentemente à espera que os outros lhes resolvam o problema. Isto acontece, não é um mito, é real. Tenho a caixa de correio cheia de exemplos destes. Depois, tens pessoas que se formaram numa área que neste momento desapareceu. Supõe, engenheiros civis, professores de português-alemão, professores de história. Pessoas que vendem um produto no mercado e que não têm absorção. Estás a vender uma televisão a preto e branco quando o mercado compra televisões a cores.»

«Não considero que o problema é teu, considero que a solução é tua. É muito diferente. Eu não considero que o problema do desemprego é dos desempregados, estou a dizer é que a solução para o desemprego é dos desempregados. Essa é que é a grande diferença. E, se calhar, pode chocar dizer isto, mas muitos dos que estão desempregados, estão desempregados porque, ponto número um, não querem trabalhar e, ponto número dois, são maus a fazê-lo.»

«De repente, sempre que falamos de desemprego, parece que nos esquecemos dos fenómenos das pessoas que vão às empresas pedir para carimbar no IEFP. Essas pessoas existem e são as milhares.»

«Percebo que as pessoas olhem para mim e digam: “Este tipo não é sensato. Está a dizer que os desempregados estão sem trabalho porque querem”. Não é isso que eu digo. Digo que muitos estão desempregados porque querem, outros porque não querem trabalhar, outros porque não sabem o que é preciso para trabalhar, outros porque têm muito talento mas não sabem mostrar ao mercado que têm talento.»

«Nas universidades, o que vês é que as pessoas estão com muito medo, porque vêem demasiada televisão.»

 

As alarvidades podem ser todas lidas, in loco, aqui http://www.ionline.pt/portugal/miguel-goncalves-ha-muita-gente-portugal-nao-trabalha-porque-nao-quer. Confesso que perdi toda e qualquer vontade de defender o que quer que seja proferido por este indivíduo. Nem vale a pena, perder muito tempo a desconstruir o pobre argumentário de conversas de tasco a transbordarem para os jornais. Estou francamente cansado desta gentalha. Pim!

03
Abr13

Das odes à precariedade à defesa acirrada do imobilismo do statu quo

Cláudio Carvalho

Quanto a isto, apesar de já ter escrito ontem, vale a pena reiterar que me sinto na zona equatorial entre dois lados, diria dois polos: entre o polo do grupo que aglomera os risíveis contorcionistas que procuram desculpabilizar - da forma mais disparatada possível - as infelizes declarações proferidas pelo Miguel Gonçalves e os fanáticos do utilitarismo, do racionalismo ao absurdo e do individualismo metodológico e o polo do outro grupo que congrega os que negam qualquer ponta de influência positiva do individualismo - alguns parecem mesmo querer ignorar a sua associação biológica -, os que convivem bem com um certo imobilismo e oportunismo do meio académico e com o corporativismo de algumas classes profissionais. Aqui, darei o desconto àqueles que, de um polo ou de outro, procuram capitalizar a discussão partidariamente ou que têm apenas “tiradas infelizes”, por exemplo, trazendo para a discussão a pessoa de Relvas. Isso não interessa para o caso e só ridiculariza automaticamente a crítica do próprio emissor.

Se é verdade que concordo com a crítica ao discurso exacerbado à volta do empreendedorismo, da responsabilização individual e do utilitarismo e, ainda, se me preocupa os que se aproveitam indignamente da "especulação" à volta da promoção do autoemprego, também me revolta o discurso extremado da socialização de todas as responsabilidades, a distorção oportunista do empreendedorismo, esquecendo que este assume várias formas para lá da criação do próprio emprego e confesso-me desiludido por subsistir uma certa visão socialmente conservadora, imobilista, e ausente de qualquer sensibilidade pragmática para procurar resolver problemas socioeconómicos e institucionais concretos (faz-me lembrar isto).

 

03
Abr13

O vendedor de pipocas

mariana pessoa

Não me vai ser fácil escrever sobre o vendedor de pipocas Miguel Gonçalves (MG). Cada vez que ouço alguém falar dele, vem-me sistematicamente à cabeça uma expressão de Max Weber : “especialistas sem espírito”. MG é a vacuidade e a liquidificação de tudo o que pode ser mais corpóreo, mais consistente, mais coriáceo. Tudo o que não seja superficial, tudo o que não seja rápido, não tem valor. Só há um valor: o valor de mercado. A mercantilização do eu.

 

Hoje atingiu um novo mínimo histórico: convidado por um Ministro de Estado de um Governo eleito, que detém nas suas mãos a minha vida, a nossa vida, a vida do Miguel - ele responde do alto da sua inocuidade: “eu não percebo nada de política”. E só faltou verbalizar: “nem quero saber”. (Descontemos o facto de o Ministro em causa ser Miguel Relvas. É um Ministro de Estado, ponto).

E esta, para mim, foi a última gota. Porque é de uma irresponsabilidade enorme alguém que tanto tem visto abertas as portas de instituições de ensino superior, para falar aos seus rebanhos sobre como ‘bater punho’ é um estilo de vida tão super-hiper-mega-uau, tenha o desplante de afirmar isto.

E, assim sendo, aqui vai o porquê de considerar Miguel Gonçalves não apenas uma vacuidade idiota, mas também o representante de uma ideologia que hei-de combater com todas as minhas forças enquanto andar pelo Ensino Superior.

 

10
Mar13

Se não é de propósito, parece (com adenda)

mariana pessoa

Talvez seja o modo de Seguro responder ao repto de António Costa, unindo o partido. Mas unindo na mediocridade e em laivos ideológicos pouco condizentes com os pergaminhos do Partido Socialista.

 

Depois do candidato PS à Câmara Municipal de Matosinhos, António Parada, ter afirmado que os "jovens que não têm aproveitamento aos 14 anos é mandá-los trabalhar", agora é a vez de Manuel Pizarro, candidato pelo PS ao Porto, a debitar esta pérola:

"Não há razão para que esta ideia não deva avançar: os desempregados que estão a receber o Rendimento Social de Inserção podem ser postos a cuidar dos jardins e dos espaços verdes do Porto que estão mal tratados”, citado pelo JN.


Estará o PS a fazer de propósito para não ganhar Câmaras Municipais, colocando jarretes destes como candidatos a Câmaras historicamente relevantes? Se não é de propósito, parece.


Adenda:

Durante a tarde, vi o comentário de Manuel Pizarro na página facebook da Jugular Ana Matos Pires:

 

 

 

Folgo em ver que Manuel Pizarro está preocupado com a classificação das suas propostas políticas, mas deixo uma pergunta que não vi esclarecida: O dinheiro que o Estado gasta em RSI vem da Segurança Social. Como planeia Pizarro articular esse dinheiro 'central' com o dinheiro que a Câmara Municipal possa gastar (saberá qual é o montante em causa), i.e., de forma local? E como é que isso depende da esfera de acção de um Presidente da Câmara? 

 

(E o que faz com a empresa que agora presta os serviços? Paga indemnização? Alega incumprimento? ...)

 

07
Mar13

A culpa é dos portugueses

Pedro Figueiredo

De repente, do discurso do empreendedorismo, fez-se luz. Tomando o memorando da Troika como o programa necessário à inevitável redução do défice - o Governo pode queixar-se que está de mãos atadas, mas na verdade encontrou o álibi perfeito para a implementação das políticas que tinha perfeitamente delineadas e que escondeu na campanha eleitoral -, houve desde logo uma consequência que nunca foi ocultada, pelo contrário, até assumida, embora com o pudor exigido na altura: é que o desemprego ia disparar.


Pode o número ter galgado para um patamar que nem o próprio executivo fazia prever. No entanto, o cenário foi mais ou menos preparado e daí o discurso do empreendedorismo... e mais ridículo, o da emigração. Passos Coelho, quando se referiu ao desemprego como uma oportunidade, estava a imaginar não um grupo de pessoas que tinha acabado de ficar sem trabalho, mas uma mole humana de empreendedores que, de um dia para o outro, ia trabalhar na maravilha do auto-emprego. Ser patrão de si próprio ou, melhor ainda, gerar emprego para outros.


Quase dois anos depois de ser eleito, o Primeiro-ministro deve estar muito desiludido com os portugueses. Não são os empreendedores que esperava que fossem. São, isso sim, apenas mais um peso para o Estado Social que tanto quer refundar e acabar de vez com esse pão para malucos que só por terem ficado desempregados não sabem o que fazer da vida. Sabem é viver à sombra dos que ainda produzem riqueza, que já é tão pouca.


Numa abordagem esquizofrénica da questão, não foram as políticas do Governo que falharam. Foram os portugueses que não as souberam interpretar. Aproveitar. Dar-lhes corpo. Não se entregaram de alma a este novo desígnio nacional: empobrecermos para se ser competitivo. O plano era genial. Pena é que as pessoas a quem se destinam essas políticas não estejam de acordo com o caminho seguido. E se houve lição a tirar - dito até por comentadores insuspeitos - da manifestação de 2 de Março, é que o silêncio com que se saiu à rua não pode deixar de ser ouvido.


A notícia de Ernest Moniz, norte-americano luso-descendente nomeado por Obama para secretário de Estado da Energia, apareceu em todo o lado. A comunidade portuguesa nos Estados Unidos ficou muito satisfeita. Acredito e é justo. Mas fiquei a pensar: deve haver muita gente no Governo que terá vontade de vir a público dizer Estão a ver? Emigrar tem as suas recompensas!

14
Fev13

De um Primeiro-Ministro que não está em linha

Nuno Pires

 

31 de maio de 2011:

 

Passos diz que governo tem criado um "exército de desempregados"
Referindo-se a um crescimento residual (especialmente se comparado com a evolução atual) da taxa de desemprego.

 

13 de fevereiro de 2013:

 

Desemprego está em linha com as previsões do Governo
Referindo-se ao maior aumento do desemprego de que há registo em Portugal, no qual se registam 120.000 mais desempregados do que as previsões do Governo.

 

(Imagem: recorte da capa do Público de hoje)

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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