Os erros de Assunção Esteves e a estabilidade da democracia
A Presidente da Assembleia da República Assunção Esteves citou Simone de Beauvoir, para chamar aos cidadãos que se manifestaram nas galerias da Assembleia da República de "carrascos". Como já o escrevi, se estes fossem realmente carrascos, provavelmente Assunção Esteves já teria sido enforcada ou decapitada (seja na interpretação literal, seja na interpretação figurativa), assim um pouco como o estado deste governo: um governo politicamente decapitado (como se viu, uma vez mais, ontem, pela intervenção do Presidente da República Cavaco Silva). Mas, o pior, nem é isto de ter uma Presidente da Assembleia da República histriónica em modo histérico, que não contém metáforas infelizes.
O pior é ela e os que a defendem, não perceberem que este tipo de manifestações pacíficas, ainda que possam roçar o limite do aceitável, são válvulas fundamentais que aliviam a pressão das consequências negativas desta crise económico-financeira, social, política e institucional. Soluções como fechar o acesso às galerias da Assembleia da República, para lá do péssimo sinal político, só agravam o problema da salubridade democrática e a estabilidade quanto à segurança. Sem estas "válvulas", teremos incidentes similares aos do Brasil. Refiro Brasil, para não referir outros exemplos similares ou mais graves. Não podemos correr o risco de deixar cair a democracia, antes de cair toda a economia. A história, volta-se a repetir...