Declaração ao país do líder da oposição de um país qualquer
Portugueses,
O que se passou nas últimas 48 horas é pouco menos que humilhante para a nossa democracia e um autêntico atentado aos interesses nacionais.
Desmantelou-se o governo, ridicularizou-se a figura do Presidente da República e terminou-se o dia de forma completamente incompreensível. Há instantes, o Primeiro-Ministro, num exercício de negação e de irrealismo inacreditável, informou-nos que amanhã vai a Berlim conforme previamente agendado. Nestes dois dias, o governo perdeu o ministro das finanças, reafirmou uma política fracassada promovendo a ministra uma secretária de estado ajudante do ministro demissionário e, finalmente, vê o líder de um dos partidos que conferem maioria absoluta ao governo, bater com a porta, invocando como pretexto a nova ministra.
Que nos comunica o Primeiro-Ministro? Que o líder demissionário é um traidor (segundo o Primeiro-Ministro, deu o dito pelo não dito quanto a aceitar a nova ministra) e que está a agir de cabeça quente. Que faz o Primeiro-Ministro? Vai-lhe dar um tempo para refletir. Isto não é uma caricatura é a genuína anedota que nos foi contada há instantes por quem não tem as mínimas condições para continuar a ser Primeiro-Ministro de Portugal.
Uma anedota trágica pois sabemos que uma crise política na nossa atual conjuntura deve ser clarificadora, o mais rapidamente possível. Se havia reflexões a fazer que se fizessem em devido tempo e sem exposição pública, alimentando um triste e oneroso espetáculo que, muito francamente, nos envergonha. A cada hora de indefinição penalizam-se as empresas, as famílias e o Estado português, minando qualquer capital de credibilidade e respeito que os nossos parceiros tenham para connosco.
Perante a infantilidade deste Primeiro-Ministro que ameaça eternizar uma crise insana, é fundamental que o Presidente da República atue com a máxima urgência, criando as condições para encontrarmos a melhor solução possível para esta crise. Devolva-se a palavra ao povo. Agindo com celeridade e consequência face aos factos, é possível termos eleições dentro de menos de dois meses. Portugal não pode dar-se ao luxo de esperar.
Obrigado.
Líder da oposição