Maniqueísmos que me incomodam
Equiparar Snowden a Assange tem mais de estratégia touro na loja de porcelanas (tão cara aos Estados Unidos...) do que beatificação dos Wikicoisos e de vassalagem dos Anonymo-cenas.
O mensageiro, não é, de todo, o mais importante. Diabolizá-lo ou santificá-lo em nada contribui para o incontornável facto: os Estados Unidos da América, self proclaimed leaders of the free world, usam táticas tão questionáveis quanto todos aqueles que considera estarem do outro lado da barricada. No fundo, mesmo sem GW Bush, continuamos na narrativa do eixo do mal. Mesmo com Obama. Ah, the smell of irony in the morning...
Assange estava acusado de violação, é um narcísico e colocou em risco milhares de vidas. E Snowden, vai ter que problema no currículo para que efectivamente se passe ao lado do acessório e se vá até ao essencial?
Era sobre isto que devíamos estar a falar: não é preciso ser-se suspeito de um qualquer crime para ter chamadas monitorizadas. Qualquer um de nós pode ter as suas comunicações controladas, sem qualquer indício que o justifique.
E quem é que está a discutir este assunto? E a quem é que não interessa discutir o essencial? E que moral têm os Estados Unidos para falar sobre tratamento dos Aliados, mesmo? E até que ponto é que o argumentário do 'salvar vidas é mais importante que o direito à privacidade' não está a ser manipulado?