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365 forte

Sem antídoto conhecido.

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27
Abr13

Quando caem os cravos

David Crisóstomo

 

Artigo 120º da Constituição da República Portuguesa


"O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas e é, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas."

 

Destas funções, Aníbal Cavaco Silva apenas conservará na sua plenitude a de Comandante Supremo das Forças Armadas. E mesmo assim tal não é certo, dado o manifesto mal estar que existe dentro destas. De resto, pudemos no dia 25 de Abril concluir o que já há muito era suspeitável: Aníbal Cavaco Silva não é nem o garante da independência nacional, nem o garante da unidade do Estado e muito menos o garante do regular funcionamento das instituições democráticas. Por diversas vezes Aníbal Cavaco Silva utilizou o seu cargo, o de representante máximo da vontade dos cidadãos portugueses, para satisfazer os seus próprios interesses, abusando duma mesquinhez e dum egocentrismo que sempre foram suas características por excelência. Aníbal Cavaco Silva conspirou contra um governo legitimamente eleito, inventando alegadas escutas que nunca teriam existido. Aníbal Cavaco Silva atacou vilmente um ex-primeiro-ministro num texto preliminar duma obra onde retratava momentos do seu mandato presidencial. Aníbal Cavaco Silva mentiu variadíssimas vezes aos cidadãos que representa, tentando manipular os medos e ansiedades conforme lhe conviesse. Aníbal Cavaco Silva promulgou dois Orçamentos de Estado inconstitucionais. Aníbal Cavaco Silva permitiu que um órgão de soberania, o Tribunal Constitucional, fosse atacado pelo primeiro-ministro ignóbil que temos. Aníbal Cavaco Silva pactuou com o mais brutal ataque alguma vez feito ao estado-providência português, permitindo até hoje que um governo aplicasse um programa não-sufragado de destruição de todos os progressos sociais alcançados nestes 39 anos de democracia. Aníbal Cavaco Silva, no Dia da Liberdade, numa tribuna no órgão legislativo supremo de Portugal, desprezou os sufrágios eleitorais. Aníbal Cavaco Silva não representa a República Portuguesa.

 

 

Artigo 1º da Constituição da República Portuguesa

 

"Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária."


Aníbal Cavaco Silva não defendeu nenhum destes valores no discurso anteontem proferido na Assembleia da República. Aníbal Cavaco Silva, mais uma vez, usou a sua posição institucional para tentar defender as suas conveniências e desejos, desprezando a vontade do povo do qual deveria ser presidente. Aníbal Cavaco Silva não representa a população portuguesa e, como tal, começa a ser imperativa a demissão do cargo que ocupa, que desonra, que detrai, que desrespeita. Talvez por vergonha, quiçá por indignação, cravos vermelhos caíram enquanto Aníbal Cavaco Silva falava no hemiciclo do parlamento português. Não precisávamos de mais sinais: Aníbal Cavaco Silva, não sendo "o presidente de todos os portugueses", deve, o quanto antes, demitir-se.

 

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«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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