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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

30
Out12

Afinal era uma enorme comissão de inquérito?

sara marques

Seis horas! Seis !! Um dia de debate sobre o Orçamento do Estado de 2013 em que pouco se falou na Assembleia da República sobre o documento, as medidas aplicadas, as que não podem ser aplicadas e as consequências que virão. Estive atenta, como tantos portugueses, mas o que mais ouvi foram tricas, politiquices, o famoso jogo do passa-culpas.

 

O PSD e o Primeiro-Ministro disseram que o país está assim por causa da herança do PS, a tal que tinha dito que não iria usar como desculpa quando fosse líder do Governo. O PS, com uma amnésia parcial, isentou-se de todas as culpas passadas e apontou o dedo ao Governo atual. O PCP e o BE apontaram o dedo a todos os outros partidos e o CDS tentou, como já é habitual, passar por entre os pingos da chuva.

 

Cá em casa, como em tantas casas por este país fora, neste momento, pouco importa de quem foi a culpa. O PS estava no Governo e o país considerou que não devia continuar, que a governação que estava a fazer não era a melhor para Portugal, e escolheu outro partido, outro Governo... mas foi para governar, não para fazer uma comissão de inquérito às culpas passadas. Queremos soluções, queremos medidas, queremos que se discutam os temas concretos, que se ouçam as propostas de todos sem este constante apontar de dedo, as inevitáveis chalaças e os risinhos. Não queremos ver-vos a rir uns com os outros ou uns dos outros, a tentar encontrar a mais rebuscada das piadas para passar como soundbyte dos media. É da nossa vida que se trata e, garanto-vos, que na maior parte das vezes não nos dá vontade de rir.

 

Sejamos claros, as culpas não podem continuar a cair em saco roto, mas não cabe ao Governo ou à oposição tratar delas, sobretudo não neste momento em que devem concentrar as suas atenções a tentar tirar o país desta "situação de emergência", como Vítor Gaspar apelidou o momento que vivemos. Caberá à Justiça, por exemplo, e mesmo à política, mas noutros palcos ou noutro momento. Ao Governo cabe governar e procurar o melhor para o país. À oposição cabe fazer as críticas, apresentar alternativas, se as tiver. Mas também acho que para discordar de uma medida, não têm necessariamente de saber qual é a solução, podem saber apenas que é má. Agora, sem alternativas, não nos peçam para votar para em quem não sabe igualmente o que fazer.

 

Há um descrédito enorme em relação à política em Portugal e não é de estranhar. Há um descrédito em relação às instituições democráticas. Temos um Presidente da República que quase não dá sinal de vida durante toda esta crise e, quando dá, é no Facebook (ainda não chega a todos, sr PR). No Parlamento, num momento destes, vêem os deputados a falar de taxar o descaramento, da oposição gourmet...

 

Enquanto termino o texto, ouço o deputado João Almeida falar da necessidade de um "OE à altura do momento em que vivemos". Eu acrescentaria: e um Governo, deputados e um PR à altura também.

 

(PS: Agora finalmente começaram a falar do essencial... quase seis horas depois)

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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