A miragem das exportações
Ao que o INE nos transmite e o Jornal de Negócios noticia, a evolução das nossas exportações continua a rota de declínio que há já algum tempo se tem vindo a verificar, não obstante as normais flutuações pontuais, as quais são rapidamente aproveitadas pela rapaziada que (ainda) apoia este Governo para bizarros exercícios de manipulação de informação.
De acordo com a informação agora divulgada, as vendas globais ao exterior desceram 2,6%, correspondendo a uma queda de 2,5% para os demais países da União Europeia e a uma descida de 2,8% para países terceiros. A meu ver (mas posso ser eu que estou errado), não são propriamente números lá muito animadores.
E, como se isto não bastasse, o INE também divulgou ontem aquilo que pode ser considerado como o indicador avançado das exportações - pois é: os números das novas encomendas à indústria, referentes a fevereiro deste ano, foram divulgados e não são nada animadores: o trambolhão, em termos homólogos, foi de 3,1% em fevereiro, que se junta a uma queda homóloga, em janeiro, de 2%.
Entre outras ilações, os números agora divulgados confirmam, assim, duas coisas: a primeira é a de que os alertas para os efeitos perniciosos das políticas de austeridade, que estão a causar sérios danos e consequências duradouras aos países do Sul da Europa, eram pertinentes e o seu impacto está cada vez mais à vista de todos; a segunda é a comprovação da absoluta ingenuidade (sendo muito simpático) de todos aqueles que apoucaram quem alertou para as políticas erráticas em curso e, mais recentemente, para o facto de a ligeira subida no mês de janeiro se ter ficado a dever, quase em exclusivo, a encomendas específicas que se sabia que seriam concretizadas nesse mês, e não a um qualquer fenómeno de inversão de tendência.