08
Abr13
Equilibrio
zé
Há pessoas para quem o muro é largo, confortável, acolchoado até.
Lá no cimo vivem quentinhos, assépticos, contemplando as menoridades de ambos os lados do assento etéreo e superior que escolheram para viver. Dum e doutro lado há mãos sujas, às vezes de sangue, há lágrimas de arrependimento e esqueletos de mãos dadas. Há traumatismos graves causados pelo salto de quem passou de um para o outro lado e não quis equilibrar-se lá em cima.
O muro está crivado de balas de ressentimento, de prisioneiros da consciência que disparam mas não atingem o lado oposto.
Acima de todo o cheiro nauseabundo que é viver com as escolhas que fazemos o ar é limpo e respira-se a inimputabilidade.
O problema é que o cimo do muro se está a encher de gente e a queda será terrivel.