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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

24
Mar13

A minha verdade é mais verdade do que a tua – eu sei, porque eu sou comuna

mariana pessoa

O PCP, numa tentativa histriónica de reescrever a história, sentiu a necessidade de elaborar um documento denominado "PEC IV Toda a Verdade". É adorável esta mania que o PCP tem de eleger o PS como inimigo. Eu sei que é nisto que jogam a sua sobrevivência, afinal de contas na arena da esquerda a competitividade é grande.

 

É especialmente hilariante, em particular, porque foi o PCP que votou ao lado dos partidos da direita (PSD e CDS), sabendo que culminaria na demissão do Governo de José Sócrates. Se hoje temos PSD e CDS no poder, é justamente porque o PCP, junto com os Verdes e o Bloco, o desejaram. E é tão curioso ser o PCP a querer impor uma narrativa tão conveniente ao governo de coligação.

 

E assim voltamos à casa de partida: o PCP na cama com o PSD e o CDS. Dizem os comunistas que assim é por que são eles a esquerda patriótica, a verdadeira esquerda, nesse raciocínio tão dicotómico como primário. Mas que seria de esperar de um partido que votou favoravelmente a inversão do ónus da prova para políticos (diz que lhe chamaram criminalização do enriquecimento ilícito), chumbado pelo Tribunal Constitucional, com base na amada Constituição da República Portuguesa)?

 

Diz portanto o PCP que o PS não é de esquerda porque, durante dois anos, houve um PSD a viabilizar os Orçamentos de Estado do governo PS e os PEC I, II e III. Esta teoria da companhia nos votos é muito curiosa, porque há vários exemplos em que o Partido Comunista se deitou, vamos assim dizer, nos lençóis da direita:

 

• Referendo sobre despenalização do aborto – O PCP votou contra, apesar do resultado de 1998;

• Paridade – O PCP votou ao lado da direita contra uma lei que assegura uma representação mínima de cada um dos sexos;

• Nomeações dos altos cargos dirigentes – O PCP votou ao lado da direita contra uma lei que limita o número de cargos de confiança política e que reintroduziu a obrigatoriedade de concursos nas nomeações de dirigentes intermédios;

 

Por outro lado, voltando à questão de ‘a minha verdade é mais verdadeira do que a tua’ e ainda a propósito do chumbo do PEC IV, talvez seja de recordar um cavalheiro que já foi Secretário-Geral do PCP, Carlos Carvalhas, numa entrevista à Antena 1:


“A história tinha sido outra se nós tivessemos pedido a renegociação. Porque no sócrates, no fundo, já depois de ter aceite o PEC IV, porque ele estava no fundo a tomar a atitude que tomou a espanha, que tem resgate sem ter pedido resgate, que aquele lapso de tempo mostrou, que da parte da união europeia eles estavam sem recuo, porque tinham de ceder, não podiam deixar o país ir à falência.”

 

Ah, já sei. Carlos Carvalhas não passa na máquina de etiquetagem de esquerda que há na Soeiro Pereira Gomes, é isso? Este direitolas do Carvalhas, pá.

 

Mas talvez seja por estas e por outras que podemos sintetizar num gráfico, no período pós 25 de Novembro [onde – espera, já sabemos de cor – o socialismo foi metido numa gaveta], os votos dos portugueses nesta mundividência da auto-proclamada esquerda patriótica, nesta linha descendente:

 

 Fonte: wikipedia, resultados das eleições legislativas de 1976 a 2011.

 

 

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«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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