Empreendedor e inovador
O BPN é uma autêntica assombração para o PSD. E parece que é o próprio partido que não se consegue livrar do encosto do maior escândalo financeiro que este país conheceu. Para onde quer que se vire, há sempre um fantasma a (re)lembrar a extensa lista de protagonistas, que até chamusca a imagem do Presidente da República com um rentável negócio das mais-valias das acções que detinha.
Desta vez, foi a nomeação de Franquelim Alves para secretário de Estado que fez regressar o nome da Sociedade Lusa de Negócios à São Cateano à Lapa, embora Passos Coelho tenha ingenuamente referido que a escolha nada tenha tido a ver com o PSD. Foi da exclusiva responsabilidade do Primeiro-ministro e do ministro da Economia, voltando a revelar uma forte propensão para a divisão estanque das suas múltiplas personalidades, como se o Primeiro-ministro nada tivesse a ver com o presidente do PSD.
Passos Coelho mostrou-se confiante na escolha feita para o cargo, não colocando em causa a idoneidade e experiência do personagem, como se lhe referiu Jerónimo Sousa, em questão. O facto de ter detectado irregularidades na SLN e não as ter participado ao Banco de Portugal, por não serem fundamentadas (?) - dito pelo próprio em Comissão de Inquérito em 2009 -, em nada interfere na sua nomeação. Para o líder do executivo, entenda-se.
A situação torna-se mais ridícula quando Passos Coelho recusa a ideia do CDS se ter demarcado da escolha de Franquelim Alves quando, publicamente, a mensagem que saiu do Largo do Caldas quase classifica o novo SE como um leproso político.
Idoneidade significa aptidão adquirida pela prática. Franquelim Alves poderá ter ficado honrado com as palavras de Passos Coelho, mas a sua prática poder-lhe-á ter dado aptidões para algo em que o Estado não se queira rever. Até por uma razão simples: o que faz mesmo um secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e da Inovação?