McNamara a presidente
Garrett McNamara já fez mais por Portugal do que alguns ministérios juntos. Estamos em capas de jornais internacionais e em noticiários de estrelas televisivas graças a uma onda surfada por este norte-americano, pago a peso de ouro para vir à Nazaré desafiar a coragem humana.
McNamara e o fotógrafo Tó Mané não são heróis, mas quase. Por alguns dias, não somos notícia pelos cortes, pelos impostos, pelas declarações de ministros e presidentes. Somos notícia por causa de uma imagem, de uma bela imagem, arrepiante, única, que cativa.
Dir-me-ão que não é um grande feito, que não resolve a crise, a maldita crise, ou lá como é que chamam a esta brincadeira dos senhores que mandam. Claro que não. Amanhã já ninguém se lembra disto. Mas qual onda? Garrett quê? Onde fica a Nazaré mesmo?
Mas sabe-me bem, o que hei-de fazer? Talvez por já não estar habituada a relacionar-nos com boas notícias. Talvez porque não tenho paciência para birras socráticas no PS, manifestações anti-porcos na Avenida da Liberdade ou previsões optimistas do rei mago das metas falhadas.
Talvez porque aquilo que não me apetece mesmo, mesmo, é olhar para o recibo de vencimento deste mês. Venha a onda, venha depressa.