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Sem antídoto conhecido.

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18
Jan13

A instrumentalização da Lusa

Pedro Figueiredo

A conferência sobre a reforma do Estado, cuja organização o governo decidiu entregar em regime de outsourcing a uma antiga secretária de Estado, tem dado pano para mangas. O facto do evento ser de inquestionável interesse público e ter sido sujeito a regras  - que a designação só me faz lembrar o Oppan Gangnam Style - restritivas no que à divulgação diz respeito, faz logo torcer o nariz. É que, numa discussão de um assunto que afecta toda a gente, apenas um punhado de privilegiados pode saber o que ao certo lá foi falado. Voltou-se ao tempo das elites.


Não foi de estranhar, por isso, que Pacheco Pereira, na Quadratura do Círculo, tenha considerado a conferência de "sessão de propaganda", já que as únicas intervenções que mereceram total liberdade de transmissão foram as de Carlos Moedas, na sessão de abertura e a de Passos Coelho na de encerramento. Certamente, no entender dos organizadores, os contributos mais válidos.


No entanto, retenho o interesse na questão jornalística subjacente. Ricardo Costa, director do Expresso, explicou no Twitter, que as condições impostas aos jornalistas não deveriam ter sido surpresa para nenhum dos órgãos, uma vez as regras foram antecipadamente explicadas num take da Lusa (diz mesmo o n.º, 15584403, e a hora, 19h21mn), emitido na segunda-feira, véspera da conferência.


O mesmo jornalista admite que foi alertado por mail das regras e PRESUME que outros jornais também tiveram o mesmo tratamento. Concentrando o assunto no take da Lusa, os organizadores partiram do princípio que enviando a informação para a Lusa, todos os restantes órgãos teriam acesso à informação. A agência de informação da qual o Governo é accionista foi oficialmente usada como meio de divulgação, o que configura uma clara instrumentalização. E mesmo para quem este argumento pode não fazer sentido, a verdade é que houve um meio de comunicação privilegiado em detrimento de outros, o que revela um claro erro de comunicação.


Aliás, o Governo conseguiu um feito extraordinário, superando-se no plano da comunicação: à conta do Chatham House Rule, criou um ruído desnecessário à volta da mensagem antes mesmo de a emitir.

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«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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