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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

12
Dez12

Pressão alta

Pedro Figueiredo

 

 

 

Desde sempre existiu pressão, a partir do momento em que alguém teve de tomar uma decisão. A opção de uma escolha que tem de ser consciente. A pressão do decisor não deveria ser inversamente proporcional àquela que é sofrida pelas pessoas que não decidem. É que em última análise poderão vir a sofrer as consequências das opções do decisor. Sobretudo quando os primeiros têm de prestar contas aos segundos. Mais cedo ou mais tarde isso sempre acontece. De uma maneira ou de outra. A bem ou a mal.


A retribuição pela decisão tomada aumenta conforme a responsabilidade do que há a decidir. E há pessoas muito bem pagas para decidir. Geralmente, essa responsabilidade está traduzida numa maior ou menor capacidade de gerar riqueza.


No plano dos negócios, os lucros justificam este raciocínio simples. No plano político, a equação não é simplificada desta forma. Desde logo porque a noção de riqueza não é tão linear. Há elementos que, simplesmente, não são quantificáveis. Por exemplo, quanto vale a cultura de um país? Ou a saúde dos seus contribuintes? Ou a educação dos filhos, eles próprios futuros contribuintes líquidos do país?


A pressão que supostamente um político deve sentir quando toma uma decisão não me parece que esteja de acordo, nos tempos que correm, com a responsabilidade que têm em mãos. Não só quando assinam leis como quando as levantam para votar no Parlamento. Sobretudo quando decidem algo que nada tem a ver com o que ficou prometido quando asseguraram às pessoas que o caminho não era fácil, mas que tinham a solução. Houve quem não acreditasse. Agora muitos mais viram o resultado.


A pressão passou a ser alta. Com tendência a aumentar. E não estou a ver ninguém com coragem de tirar o pipo da panela para a aliviar. Repetem até à exaustão que não somos a Grécia, mas há gente que se está a esforçar muito para que sejamos. O mais curioso é que os esforçados deveriam ser os primeiros a não quererem que assim fosse.


Já se percebeu que não há qualquer estratégia de crescimento e que mesmo na cabeça iluminada de quem governa houvesse uma luz que fosse sobre o assunto, até quando vão ficar alheados do facto dessa luz ser apenas um outro comboio para nos passar por cima?

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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