25 de Abril
Nasci em liberdade, vivi sempre em liberdade. Durante anos julguei que seria desrespeitoso, de uma audácia sem igual, falar desta data, do seu significado e do que representa. Tal estaria reservado para quem sofreu os efeitos do Estado Novo - repressão, pobreza, a humilhação diária da consciência individual - pois por muito que tentasse nunca conseguiria imaginar o que seria viver nesse Portugal, o da noite e do silêncio.
No entanto, Pynchon fez com que a minha opinião mudasse: "um ano e um lugar não precisam de incluir a nossa presença física para que exista um sentimento de pertença". Este é o poder da história. Por isso agora digo que o 25 de Abril também é meu. E será dos meus filhos, netos, bisnetos...sempre.