The Peelian principles
Em 11 de maio de 1812, John Bellingham, depois de passar a manhã a escrever cartas e de tarde ter acompanhado a sua senhoria e o seu filho numa visita ao museu europeu em Londres, dirigiu-se a Westminster e aí sentou-se num banco no lobby. Quinze minutos depois chegava ao Parlamento o Primeiro-Ministro inglês, Spencer Perceval. Este foi confrontado no lobby por Bellingham que, com a sua pistola, disparou um tiro contra o peito de Perceval. Enquanto o Primeiro-Ministro morria, Bellingham sentou-se no mesmo banco à espera, explicando calmamente que apenas rectificou uma injustiça do governo.
Até àquela altura, não existia um verdadeiro serviço policial em Inglaterra. O assassinato do Primeiro-Ministro inglês levou, entre outras razões, a que fosse criada uma comissão parlamentar para analisar o sistema de segurança pública. Dessa comissão surgiu a Metropolitan Police, erigida sob o modelo de "policing by consent". Neste modelo, os policias são considerados cidadãos em uniforme. Estes exercem o seu poder com o consentimento implícito dos seus co-cidadãos: o seu primeiro dever é com os cidadãos e não com o Estado. Uma das consequências deste modelo é a ausência de policias armados. Numa situação de crise os ingleses souberam reagir com moderação, não trocando os seus princípios por uma falsa sensação de segurança.
Pensei neste pedaço de história depois de ler alguns ingleses a defender que deve ser decretado o estado de emergência como ocorre em França.