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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

10
Nov15

Apelo

João Martins

Se acham que este foi "um golpe de secretaria", um "golpe de Estado", um "assalto ao poder" sem "legitimidade democrática e constitucional", e que a Assembleia está "refém de uma minoria" e da "sede de poder" e "ambição pessoal" de António Costa... Se acham e defendem isto tudo, espero sinceramente, e sem um pingo de ironia, que o manifestem. Que tirem as devidas consequências de todas essas acusações e frustrações legítimas e que saiam à rua demonstrar o vosso descontentamento e revolta. A indignação não é monopólio de ninguém. Todos merecem (e devem) ter o direito de se mobilizar e sair à rua, ir para a frente das escadarias da Assembleia da República e lutar com a força que têm por aquilo que defendem ser razoável, justo e legítimo. Foi assim durante os últimos quatro anos quando centenas de milhares de pessoas fizeram mais que escrever nas redes sociais e saíram à rua para protestar muitas e muitas vezes contra os ministros, os medidas, as inconstitucionalidades e as injustiças que sentiam que estavam a ser cometidas. Se de facto as acusações têm sido sinceras e sem cinismos, é esse o passo a dar. 

A luta continua, sempre.

06
Nov15

O manifesto do 24 de Abril

Sérgio Lavos

Olhamos para o manifesto dos empresários contra um Governo de esquerda e parece que regressámos a 24 de Abril de 1974. Os apelidos dos dignos signatários dizem tudo. Em 115 nomes encontramos quatro Mellos, quatro Champalimauds, alguns mistos Mello/Champalimaud (estas famílias cruzam-se para apuramento da raça), um Francisco Van Zeller, um Amorim, um Teixeira Duarte e o inefável Alexandre Relvas, antigo animador do Compromisso Portugal e financiador do Observador. Tudo bons rapazes. A maioria descendente das grandes famílias que viviam à sombra de Salazar, e que foram criando nas últimas décadas o seu nicho dentro do regime democrático, parasitando directa e indirectamente o Estado. Agora que o regime democrático que os acolheu depois do regresso do Brasil e de outros exílios dourados parece dar uma guinada à esquerda, eles começam a guinchar. Claro que esta gente não gosta da democracia, é natural que se queixem de um Governo emanado de uma maioria de esquerda no parlamento. A democracia é uma chatice. Sobretudo porque ela poderá levar ao fim da sangria de rendimentos do factor trabalho para o factor capital. Um Governo de esquerda é mau porque passa a existir a possibilidade da desigualdade social diminuir e dos trabalhadores recuperarem parte dos direitos perdidos. E é mau porque a parasitagem do Estado, seja através da descida do IRC seja por via da existência de vários subsídios ao capital (benefícios fiscais, subsidiação do salário dos trabalhadores pelo IEFP, etc.), pode efectivamente ser diminuída. As sanguessugas estrebucham. Antigamente é que era bom: o patrãozinho votava em nome da criadagem e era toda a gente feliz, havia estabilidade e certeza. Maldito o dia em que a criadagem conquistou o direito ao voto.

 

Adenda: é claro que esta Associação das Empresas Familiares parece ter aparecido agora em cena apenas para se opôr a um Governo de esquerda. As associações mais representativas - a CIP e a CCP -, assim como o sector financeiro, têm mostrado mais prudência perante o que se avizinha. As reuniões que António Costa manteve com os banqueiros não serão alheias a esta prudência. A democracia só assusta quem convive mal com o seu regular funcionamento.

05
Nov15

Capitolismo

CRG

"Capito, que era suficientemente tolo para querer ser prevenido de tudo..."

Voltaire

 

Nos últimos anos tornou-se recorrente as "pessoas muito sérias" apelarem à estabilidade como se esta fosse um fim em si mesmo. Estes novos capitos detestam a incerteza política. No entanto, não é bem a incerteza que os incomoda tanto - ao mesmo tempo conseguem alegar, sem qualquer consciência de contradição, que o mundo mudou, que já não é mais possível existir segurança no mercado laboral. O que eles desejam é a certeza da aplicação de uma política: a única que segundo eles é capaz de garantir a confiança dos mercados.

 

Neste mundo maravilhoso dos mercados perfeitos a prossecução e implementação das "reformas estruturais" tornaria o crescimento económico eterno. Com efeito, esquecidos da definição keynesiana do capitalismo como "um sistema caracterizado pela incerteza", tiveram a soberba de declarar que "o problema central da prevenção das depressões foi resolvido" (Robert Lucas da Universidade de Chicago - 2003). 

 

Passados cinco anos desta frase surgiu a crise financeira do subprime, que não foi certamente causada pela incerteza política, nem pela regulação. Será que foi o oposto? Será que, como defende Minsky, a instabilidade financeira surge da estabilidade: períodos de calma, de progresso, de crescimento sustentado transforma os mercados descontentes com a taxa normal de lucro e em busca de taxas mais elevadas procuram riscos maiores?

 

Em qualquer dos casos esta preconizada estabilidade funciona como pura propaganda (soa bem: quem não gosta de algo fiável para variar?), um subterfúgio, uma imposição anti-democrática para proteger certos interesses, eles próprios destabilizadores. Após quatro anos da troika, Portugal tem mais de 800 mil trabalhadores com um vínculo precário. Estabilidade, portanto.

05
Nov15

A inacreditável estupidez de todos nós sobre o BES/Novo Banco

Diogo Moreira

Pensão de Ricardo Salgado triplica para 90 mil euros mensais



Uma entidade que paga e faz aumentos desta magnitude sobre as pensões milionárias dos seus ex-gestores, que foram responsáveis por levar a dita à falência, não pode receber um cêntimo de ajuda do Estatal.



É imoral e um insulto para todos os portugueses.



Nem mais um cêntimo para o Novo Banco. O dinheiro de todos nós não serve para isto.

02
Nov15

Expectativas

Diogo Moreira
Estamos a assistir a um momento histórico na política portuguesa: o primeiro governo que terá o apoio de todos os partidos de esquerda, algo com que tantos sonharam e que quase foi sempre considerado impossível de se concretizar. É obra.

Mas no meio de tanta euforia merecida, convém não nos deixarmos ser apanhados pelas armadilhas da direita, que quer tanto que esta nobre iniciativa falhe. Uma dessas armadilhas é a das expectativas que estão a ser descarregadas em cima de todos os partidos de esquerda, mas que não têm razão de ser. Falamos da ideia de que o PCP ou o Bloco iriam integrar o governo, ou que o acordo tem de ter a solidez para uma legislatura inteira. Ambas essas expectativas são erradas e contra-producentes.

Se a hipótese 'Governo de Esquerda' não tivesse surgido, o mais natural era termos um governo a prazo da direita, que o PS viabilizaria a contra-gosto. Este governo seria muito instável, e o expectável era que houvesse novas eleições em 2016, ou 2017. Ninguém esperaria que esta legislatura durasse quatro anos, e tal deve-se ao resultado das eleições de Outubro, a coligação mais votada não possui apoio maioritário no Parlamento. Esta situação não se alterou com a existência de uma maioria de esquerda, que está disposta a viabilizar um governo alternativo à direita, para impedir a continuação da desgraça social e económica do nosso país.

O 'Governo de Esquerda' é um governo de necessidade, um governo que visa reverter o mal que nos foi feito nos últimos quatro anos, e repor o nosso país na senda do desenvolvimento económico e social. E para este imperativo nacional, o PS, o Bloco e o PCP quebraram as barreiras que os separaram em tantos assuntos. Mas não nos deixemos cair da armadilha da direita, isto não é uma coligação de governo. Nunca o foi. Isto é, nas sábias palavras de Pacheco Pereira um "acordo minímo", que visa impedir a direita de continuar a destruir o nosso país. Um objectivo glorioso, que é de saudar.

Neste contexto, é natural que o Bloco e o PCP não tenham presença governativa, porque o programa de governo não será o fundir de três perspectivas tão diversas. Será antes uma versão do programa do PS expurgado do que os outros dois partidos consideram inaceitável. E isto faz toda a diferença. Este tipo de apoio tenderá a ser instável, como a do PS à direita já seria, e será normal que este governo não aguente a legislatura inteira, como o da direita já não aguentaria.

Em 2016 ou 2017 poderemos vir a ter novas eleições. É expectável que assim sim seja.

Pág. 2/2

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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