Blow Up
"...the green light, the orgiastic future that year by year recedes before us"
F. Scott Fitzgerald - "The Great Gatsby"
Na famosa cena final de "Blow Up", filme de Michelangelo Antonioni, o protagonista, ao passear pelo parque, assiste a um jogo de ténis sem bola e sem raquetes. O público e os jogadores agem como se fosse um jogo normal e aquele acaba por se render à ilusão, participa no jogo ao ir buscar uma "bola" perdida.
Desde o início a negociação entre a troika e a Grécia foi este jogo de ténis. Um simulacro no qual era suposto acreditar que as politicas de austeridade que nos últimos 5 anos destruíram a economia grega (o PIB desceu 25% e o desemprego atinge os 25,6%) e que não conseguiram resolver nem o problema da sustentabilidade da dívida nem da competitividade desta vez iriam ter outros resultados - a tal "luz verde que todos os anos vai recuando" -, pese embora um estudo elaborado pelo próprio FMI tenha chegado à conclusão que são políticas contraproducentes.
Na verdade, o destino da Grécia, também muito por culpa própria, já estava traçado desde o primeiro resgate, cujo principal e porventura único objectivo foi salvar a banca alemã e francesa, dando tempo para que esta recuperasse depois do abalo da queda da Lehman Brothers. Resolvida esta questão parte da elite europeia, com Schauble à cabeça, não vê qualquer interesse na manutenção da Grécia na Zona Euro, nem na UE, a não ser como exemplo de que não há alternativa ao seu diktat, a manutenção do "jogo de ténis".
O abandono da Grécia poderá ser o fim da UE, mas o catalisador da sua implosão foi a Alemanha que tragicamente quis transformar um mercado comum numa união de exportadores.