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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

19
Jun14

O Subversivo "Porquê"

CRG

“Have you never harrowed yourself halfway to – disorder – with that single word? Why.”

- Thomas Pynchon – “V.”

 

O inimigo número 1 da ordem e do consenso: "Porquê". A eterna interrogação é o que a política tem de melhor, sendo a mesma apenas possível num regime democrático. 

 

Em tempos de crise, porém, há a tendência para que as dúvidas sejam suspensas, que as divergências sejam esquecidas e, segundo a propaganda repetida, unidos esforços em torno do bem comum - cuja definição nem chega a ser discutida. 

 

Serve este intróito para perguntar: será do interesse do statu quo uma crise, mais ou menos aguda, mas constante?

 

Ora, se é falso que o crescimento económico e o aumento do emprego reduz a pobreza; e que a ambição e o empreendedorismo não é a cura contra a pobreza, pode-se perguntar: Por que razão não é questionado este modelo de desenvolvimento? 

 

Porque já se sabe: se começam-se a fazer muitas perguntas sabe-se lá onde se acaba. 

17
Jun14

Envergonhar o partido

David Crisóstomo

Mas que brilhante naco de pensamento político:

 

"Espero que os deputados não utilizem o seu cargo para fazer política partidária. Foi isso que 45 deputados fizeram. Não respeitaram o seu mandato, afrontaram o secretário-geral e o partido, utilizando o seu cargo de deputado para fazer política partidária. E isso envergonha o partido."

 

Ora, umas dúvidas rápidas, que daqui pouco tenho que ir ali a um restaurante lisboeta conspirar contra a província:

  • Óbvia contradição: os deputados não devem fazer "politica partidária" mas devem preocupar-se em não afrontar o partido e o secretário-geral e não "envergonhar o partido"?
  • O que é "utilizar o cargo para fazer politica partidária"? Os deputados intervieram em plenário ou nas comissões parlamentares para falar da vida interna do partido? Estavam numa missão parlamentar em Bruxelas e foram para a praça do Luxemburgo gritar "Tozé, marca o Congresso!"?
  • Desde quando é que os deputados do PS estão impedidos ou limitados na sua liberdade de expressão devido ao cargo para o qual foram eleitos? É este o modelo de deputado defendido pela actual direcção do Partido Socialista? Os deputados do PS não representam os valores do PS na Assembleia da República? Não são todos militantes do PS? Com que autoridade determina o Eurico Brilhante Dias o que devem eles ou não comentar?
  • Assim de repente, o António José Seguro não é deputado? É, não é? E esteve recentemente numa cena no Porto onde estiveram 2000 1000 800 476 bué pessoas a fazer o quê?
  • Se assinar um documento a apelar à presidente do partido (também deputada) para marcar um congresso extraordinário é "desrespeitar o mandato" de deputado, faltar propositadamente ao debate no plenário de uma moção de censura ao governo é o quê?
  • A eurodeputada Ana Gomes ou o deputado João Soares, que têm aparecido nos órgãos de comunicação social a apoiar António José Seguro, não estão a "desrespeitar o seu mandato"?
  • O Eurico Brilhante Dias quando vai a conferências ou à comunicação social falar de assuntos da Assembleia da República está a "desrespeitar o seu mandato" de membro do Secretariado Nacional do Partido Socialista?
  • Os deputados ao pedirem um congresso extraordinário à presidente do partido estão a afrontar o partido? Porquê? Deviam antes ter ido à TVI24, era?
  • Como é que querer um congresso extraordinário é afrontar o partido? O partido é António José Seguro? E não se pode afrontar António José Seguro?
  • Haver deputados militantes do PS a dirigirem-se à presidente do partido "envergonha o partido"? A sério?
  • E ter um Secretário-Geral a ir para o Facebook culpar um presidente de câmara pelas sondagens que indicam a derrota do PS numas próximas legislativas não "envergonha o partido"?
  • O Eurico Brilhante Dias defende que os deputados eleitos para representar todos os cidadãos portugueses no parlamento nacional não devem ter qualquer iniciativa que não seja controlada ou aprovada pela direcção do partido? Voltámos a 2012? É esta a "nova forma de fazer política"?

 

14
Jun14

Um congresso extraordinário será sempre electivo

Nuno Oliveira

Foi ontem noticiado um parecer da Comissão Nacional de Jurisdição em que se afirmará não ser forçoso que um Congresso Extraordinário seja acompanhado de eleições directas. De novo, não nos desviemos: o foco é e deve ser político e não juridíco-estatutário. Daí que a pressão esteja de novo na liderança de Seguro.


Um congresso extraordinário no actual quadro terá como consequência a existência de listas e eleição de delegados por uma direcção política alternativa ou pela manutenção da actual orientação política, adstritas às respectivas moções.


Será na prática um escrutínio eleitoral da actual liderança e da sua orientação política. Terá portanto a actual direcção de decidir se quer assumir o confronto e bater-se por isso numas eleições directas. Ou se quer continuar a fingir que não existe um muito amplo movimento alternativo e que é, em meu entender e no entender de muitos outros, maioritário.


Significaria na prática que o actual Secretário-Geral permaneceria com uma orientação política diferente daquela que defendia na sua moção. Percebe-se facilmente que isso é insustentável. Até porque o novo congresso elegeria também uma nova composição para os orgãos do partido. Obviamente, perdendo o congresso, a liderança do Secretário-Geral estaria por dias.


Muitos querem a saída da actual direcção. Ninguém quer, naturalmente e por respeito institucional, que uma liderança tenha uma saída embaraçosa para todos os envolvidos. Seria muito positivo para todos que a disputa de liderança fosse frontal e directa e não por interpostas listas ao congresso. Que não tenham receio de fazer do Congresso Extraordinário o que ele é à vista de todos: um confronto entre orientações políticas alternativas mas também um confronto de perfis de liderança.


14
Jun14

Esquecer é deixar morrer

Pedro Figueiredo

Há pessoas que marcam. Para sempre. Independentemente do tempo de convívio que se possa ter tido.

Porque faz hoje 365 dias que partiu uma das mentes mais brilhantes que conheci, relembro quem nunca consegui dissociar do provador de venenos, expressão que só o próprio poderia ter-me dado a conhecer. Não é uma homengem a título póstumo. A minha admiração e reconhecimento por João Pinto e Castro não precisa de data alguma para se materializar, mas se alguma vez tivesse de o fazer publicamente e não apenas em privado, hoje e aqui era o ideal. Não ficou nada por falar entre nós, mas havia ainda tanto por dizer...

Melhor do que a minha lembrança, ficam aqui as da Ana, da f., da Irene, do Paulo, da Ana, e da Shyz.

Porque esquecer é deixar morrer, para mim, o provador de venenos continua vivo. E continuará. Para sempre.

13
Jun14

"Cortes de Sócrates"

CRG

Numa passagem em "Underworld", DeLillo coloca uma das personagens a nomear exaustivamente todas as partes constituintes de um sapato. A decomposição desses elementos confere a esse simples objecto quotidiano uma nova profundidade e alcance. O vocabulário - a "física da linguagem" - abre horizontes, permite que se fique mais atento ao que nos rodeia.

 

Ora, denominar os novos cortes do Governo como "cortes de Sócrates" é uma forma maliciosa e básica, mas ao que parece producente, de usar a linguagem para fechar horizontes, de tornar a comunicação numa nébula.

 

No entanto, o mais perigoso é serem os próprios meios de comunicação, cuja função seria esclarecer, os primeiros a aceitarem e difundirem tal denominação.

 

Resta-me uma interrogação: se o IVA descer também teremos "IVA de Sócrates"? 

12
Jun14

Entrevista do Pedro Nuno Santos ao Sol

Nuno Oliveira

'Nós não temos nenhum problema com Sócrates' 

 

 

Membro do núcleo político de Costa, diz que as diferenças para Seguro estão sobretudo na capacidade de liderar. Descarta um bloco central e elogia políticas socráticas.

 

- António Costa não falou do Tratado Orçamental na apresentação oficial da campanha. Foi lapso?
- Não foi, de certeza. É uma matéria à qual ele dá importância. António Costa tem uma posição bem mais crítica em relação ao Tratado Orçamental do que a posição oficial do PS. 
- O que deve fazer o PS em relação ao Tratado Orçamental?

- Acho que deve ser respeitado na medida em que não obrigue o Estado a desrespeitar os compromissos com o povo português. O Tratado Orçamental não pode pôr em causa o compromisso que o Estado tem com os seus trabalhadores, com os pensionistas, com o povo. Este compromisso deve ser honrado em primeiro lugar.

- Mas como se reduz o défice sem cortar despesa no Estado?

- Cortar despesa e aumentar impostos para cumprir o défice orçamental leva a que o resultado seja o contrário do desejado. Temos de mudar o paradigma para conseguir o equilíbrio sustentável das contas públicas. Isso só se faz com políticas de crescimento económico.

- António Costa, em relação à Europa, disse: «nunca mais [seremos] subservientes». Devemos contestar as metas orçamentais em Bruxelas?

- Deve haver uma atitude que afirme os interesses de Portugal e não temos tido isso nos últimos anos, sem subserviência, como diz António Costa. Não é o que temos tido. O primeiro-ministro quis ir 'para além da troika' e duplicou a dose de austeridade que estava negociada. Precisamos de adoptar uma estratégia inteligente sem pôr em causa a participação de Portugal no projecto europeu, que garanta a Portugal liberdade para uma política diferente.

- O PR apelou a entendimentos entre os partidos até ao OE. Como deve agir o PS?

- O problema do país não é o PS negar-se a entendimentos com a direita. Precisamos é de mudar essa política. E essa mudança já não se vai fazer com esta maioria.

- O que afinal distingue António Costa de António José Seguro nas políticas concretas?

-  Não temos de estar já a tentar encontrar as diferenças programáticas entre Costa e Seguro, elas acontecerão naturalmente. O principal problema do PS é um problema de liderança, é a incapacidade da liderança do PS de mobilizar o povo português para um programa alternativo. É a isto que temos de dar resposta. António Costa tem mostrado a capacidade de mobilização que a actual liderança não tem tido.

- As europeias mostraram essa incapacidade?

- Sim. Se, em 2011, nas últimas legislativas, tivemos uma derrota com 28%, em 2014, no estado em que o país está, só conseguimos subir 3 %. Isso quer dizer que não conseguimos ganhar a confiança do povo português.

- António Costa pediu uma maioria forte'. O PS deve aliar-se preferencialmente à esquerda e descartar um bloco central?

- Eu entendo que o PS devia construir uma maioria ã esquerda. Embora o primeiro objectivo deve ser o de obter uma maioria absoluta - e António Costa tem condições para o conseguir, como as sondagens o demonstram. Mas precisamos de uma maioria que governe à esquerda e é impossível esse governo tendo como aliados o PSD e o CDS.

- As primárias vão dar direito de voto a simpatizantes do PS. As canadidaturas vão 'arrebanhar simpatizantes', como prevê, criticamente, José Sócrates? 

- Espero que isso não aconteça. É uma inovação importante, ao nível da participação popular, que aliás tem sido defendida também por muitos apoiantes do António Costa - eu também - há vários anos. As primárias são uma oportunidade de abrir o partido à sociedade civil.

- Costa fala em renovação do PS mas tem com ele toda a ala socrática. Não há o perigo de regressar ao passado?

- A ideia de que há uma ala socrática não é partilhada por mim. Agora, todos os militantes do PS são importantes e não me parece que António Costa descure nenhum, era o que faltava. Nós não temos nenhum problema com José Sócrates, foi líder do PS seis anos e fez coisas muito importantes para o país. Quanto à renovação, não tenho dúvidas de que acontecerá, essa é a história de António Costa que conseguiu sempre trazer novos quadros ao PS, como agora aconteceu ao escolher os jovens Fernando Mediria e Duarte Cordeiro para a Câmara de Lisboa. 

- Não devia haver uma demarcação em relação a políticas erradas de Sócrates, como as PPP?
- Eu defendo que o PS faça um juízo crítico sobre a governação que fez, não só com Sócrates, mas também com as outras governações socialistas, para no futuro poder fazer diferente. Pessoalmente, fui crítico sobre o modelo de PPP no financiamento das obras públicas, a desregulamentação do mercado de trabalho e de algumas privatizações. Mas é importante também afirmar as coisas boas que fizemos para modernizar a economia. José Sócrates tinha uma política industrial sem precedentes. Um exemplo: a instalação de uma rede de abastecimento eléctrico no país foi criticada por desperdício, mas foi a instalação dessa rede que capacitou a EFACEC para hoje ser um dos líderes mundiais de carregadores eléctricos.
- Acredita que a movimentação nas distritais e concelhias do PS possa levar ao congresso extraordinário?
- Não sei. Mas mais importante que saber se vai ou não haver um congresso extraordinário é o movimento a que estamos a assistir no PS. É um fenómeno novo, para mim. São os militantes, livremente, a mobilizarem-se para apoiar António Costa e a forçarem até os seus dirigentes a apoiar António Costa.
«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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