E ainda dizem que as eleições europeias servem para alguma coisa
http://www.publico.pt/mundo/noticia/rompuy-diz-que-vao-ser-os-governos-a-escolher-sucessor-de-barroso-1633199
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Segundo percebi, o porta-voz do PSD acusou hoje o governo de mentir sobre o encerramento das repartições de finanças. Tomámos nota.
(num momento de consenso abrilino, fui ali ao O Insurgente roubar esta entrevista que já tinha lido em Fevereiro passado no Jornal de Negócios. E recomenda-se, pois claro)
São a geração de 70, nascida aquando da democracia. Não se envergonham de ser políticos porque tudo é política, como dizia Bertold Brecht. Isto num tempo em que ser político parece uma nódoa, e se vive a descrença nos agentes políticos e nas instituições. Como se chegou aqui? Quais foram os passos, quem foram os protagonistas?
O verso do dramaturgo alemão é trazido por Adolfo Mesquita Nunes, Ana Catarina Mendes concorda. Ele é secretário de Estado do Turismo, ela é deputada do PS. Não acham que os seus pais, a geração dos seus pais, tenha feito tudo fazendo a democracia. Abrindo a sua história, entram também na História do país, e do que é ser de esquerda e de direita nos 40 anos do 25 de Abril.
É uma evidência. Caso contrário saberia que na sátira/manual "a arte de ter sempre razão" de Arthur Schopenhauer o estratagema com que Nuno Melo iniciou o debate, sobre o BPN na TVI no passado dia 3, é considerado o último. Uma espécie de último reduto. Mas Nuno Melo começou pela desqualificação, pelo insulto pessoal dirigidos ao seu interlocutor.
"Muitas vezes diz-se ‘mas só agora é que estão a prestar atenção aos consumos intermédios? O que andaram a fazer nestes três anos?’ Em 2010 gastávamos 8,9 mil milhões de euros em consumos intermédios. Essa fatura baixou em cerca de 1,6 mil milhões de euros."
(Pedro Passos Coelho, numa "entrevista" à SIC esta semana)
Sobre a alegada "entrevista", não vale a pena pronunciar-me. A Mariana, recorrendo a uma imagem, explicou tudo.
Mas há certas "incoerências" (e aqui estou a ser muito simpático) que não devem passar incólumes, sob pena de, como disse Passos Coelho, deixarmos que se criem ideias que não são corretas. "As pessoas repetem e depois pensa-se que é verdade", disse ele.
Pois. Mas a verdade, que pode ser repetida livremente, é que, como escreve hoje o Jornal de Negócios, nos últimos três anos os consumos intermédios tiveram "uma contracção de 1.634 milhões de euros. A maior variação anual ocorre em 2011, com uma quebra de mais de mil milhões de euros. Grande parte dessa correcção deveu-se ao registo em contabilidade nacional dos submarinos "Arpão" e "Tridente".
Como? É que a compra dos submarinos foi contabilizada em 2010, engordando em 880 milhões de euros a factura com consumos intermédios. No ano seguinte, como se tratou de uma despesa irrepetível, esses 880 milhões desapareceram automaticamente, dando uma ajuda preciosa ao número apresentado por Passos.
Excluindo essa operação extraordinária, o Governo cortou até agora 754 milhões de euros em consumos intermédios."
A um Primeiro-Ministro exige-se mais do que apenas um penteado arranjado e uma voz de barítono.
De um Primeiro-Ministro espera-se que seja capaz de construir frases percetíveis e gramaticalmente corretas.
Um Primeiro-Ministro, em particular nos tempos desafiantes que atravessamos, não pode ter o escandaloso nível de confusão mental que foi revelado, uma vez mais, esta semana, na referida "entrevista".
Mas infelizmente para todos nós, Pedro Passos Coelho não só revela lacunas que são inadmissíveis a qualquer pessoa que ocupe um cargo de responsabilidade, como faz questão de somar a estas falhas um conjunto de mentiras, cuja perceção é óbvia, sempre que se dirige ao país.
(também aqui, pelo Rui Cerdeira Branco, no Facebook)
Caramba Público, isto já começa a enjoar, não é a 1ª vez que leio artigos vossos sobre as eleições europeias todos atabalhoados. E o de hoje vem com erros ridiculamente óbvios, como uma infografia onde se lê que há "16 partidos", quando são na verdade "16 candidaturas", com 18 partidos, como vem indicado no próprio titulo da peça; outro imbróligo: a noticia refere que o próximo presidente da Comissão Europeia "terá de ser votado pelo PE com maioria absoluta (pelo menos 356 deputados, metade mais um do total dos eleitos)" - dado que o Parlamento Europeu vai passar a ter 751 eurodeputados a partir das próximas eleições, "metade mais um do total dos eleitos" dá, na minha terra, 376 deputados; outra tosquice: "Todos os partidos já com assento no PE recandidatam actuais eurodeputados, à excepção dos socialistas, que deixaram ‘cair’ Vital Moreira" - é, a Alda Sousa, o Diogo Feio, a Regina Bastos, a Maria Graça de Carvalho, a Maria Patrão Neves, o Nuno Teixeira e o Mário David foram eleitos pelo PS, lá está (e a Edite Estrela, o Luís Paulo Alves, o Correia de Campos e o Capoulas Santos são o quê? Vêm em que lista?).
Vá lá, a ver se nos esforçamos um pouco mais, senão aquele vídeo da Bárbara Reis a explicar que os artigos do Público online vão passar a ser pagos porque a vossa preocupação é continuarem "a fazer o jornalismo que importa, o jornalismo que faz a diferença, o jornalismo profundo e independente" vai começar a ser considerado como sarcástico.
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