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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

18
Fev14

O fim da democracia

Sérgio Lavos

"Bom, para um estudioso de Hayek é fascinante ver Gaspar referir na entrevista um artigo de 1939 deste notável economista neoliberal sobre as condições económicas para o federalismo interestatal de matriz neoliberal, aplicando-o à actual UE, na linha de um diagnóstico da história da economia política da integração, reconhecendo, através da metáfora da políticas ditas automáticas à escala supranacional, que este arranjo constrange a escolha democrática, sendo isso o ideal para as suas distopias neoliberais. A UE, em geral, e a Zona Euro, em particular, aproximam-se do projecto hayekiano, na medida em que garantem o domínio de uma lógica supranacional de construção de mercados e de gestão monetária ortodoxa absolutamente blindadas, limitando a capacidade dos Estados democráticos, até porque a diferenciação económica, social, política ou cultural entre as unidades estatais obstaculiza acordos supranacionais no campo dos valores de pendor redistributivo e socializante. Estes são mais fáceis onde existe uma noção de comunidade de destino. Neste contexto estrutural, Gaspar vence sempre. Só o espectro da fusão do ideal de autodeterminação dos povos com a questão social, configurando na reestruturação da dívida, na libertação desta tutela monetária ou no controlo de capitais pode derrotá-lo."

 

João Rodrigues, certeiro, sinalizando o que pode não ser evidente para todos: a supremacia da ideologia neoliberal na União Europeia implica não só um enfraquecimento da democracia - o voto em cada Estado deixou de ter valor, e as decisões mais importantes são supranacionais, muitas vezes tomadas por políticos ou burocratas não-eleitos -, como depende dele para se impor totalmente. O pacto orçamental e todas as tentativas de controlar as finanças de cada país obrigam a que, na prática, as decisões populares de cada membro da UE tenham pouco impacto na política a ser aplicada nesse país. Por outras palavras: nem que votássemos nas próximas eleições num partido que defendesse políticas keynesianas - e, no actual panorama, esse partido seria sempre o BE, não o PS, que apoiou o tratado orçamental -, teríamos a hipótese de ver essas políticas aplicadas. Estamos a caminhar para a integração plena numa espécie de federação de estados na qual as nações mais fortes decidem em função dos seus interesses e dos seus cidadãos, e apenas o voto destes passará a ser decisivo para o futuro das nações mais fracas e dos seus habitantes. Isto é, nós. Se esta ideia se impuser, será o fim da democracia no espaço europeu. Inevitavelmente.   

18
Fev14

Que se lixe Maduro, viva a Revolução!

Sérgio Lavos

Os antros revolucionários da blogosfera estremecem de frémito! Crepitam de excitação! Mais um regime opressivo e totalitário, cansado da sua própria existência, está prestes a ser conquistado pela vontade popular e pelo poder que ascende das massas, que nas ruas lutam bravamente contra o sanguinário ditador. Apesar do poder reaccionário que o facínora ainda tenta exibir, da violência assassina que mata pacíficos manifestantes e persegue opositores políticos, cada vez mais povo sai às ruas e às praças do país, lutando com a força da palavra contra o medo instilado pelo decrépito poder. Nem o férreo controlo dos meios de comunicação e de produção conseguirá deter a avalanche revolucionária que deitará abaixo um regime podre, que deixou de amar o seu povo. O poder do ditador, em tempos legitimado por eleições livres, é agora uma degenerescência que precisa de ser extirpada. O poder para o povo, do povo, com o povo.

 

Saudemos os nossos bravos blogues que, furando o bloqueio noticioso, estão a noticiar a gloriosa revolução! Saudemos o Blasfémias e o Insurgente que, sob a constante ameaça da imprensa socialista portuguesa, não se cansam de publicar vídeos e notícias* das grandiosas manifestações populares que se multiplicam por toda a Venezuela, mostrando a todos os portugueses, ao mundo até, novas da grandiosa marcha contra Maduro! Milhões de pessoas juntam-se nas ruas, cantando e lutando por um futuro melhor, um país melhor onde as beneméritas empresas ocidentais possam livremente explorar o ouro negro que jorra da terra venezuelana, assim levando a fortuna a todo o povo, faminto de revolução e de dinheiro! Saudemos quem ainda dá valor à palavra liberdade e sentido à participação cívica, lutando por causa distante, mas justa! E que não se detenham na contagem de pessoas nas ruas, não se deixem enganar! São mesmo milhões, as artérias exangues de Caracas rebentam pelas costuras! Pelo povo venezuelano, pela revolução, lutaremos!

 

*Alterado. Fotos das manifestações, apenas no Twitter, outra via para furar o bloqueio noticioso.

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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