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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

17
Jul13

Redução de vagas no acesso 2013/2014: um desastre, à Crato

Cláudio Carvalho

Como anteriormente anunciado, o Ministério de Educação e Ciência procedeu à diminuição do número de vagas no ensino superior público. Ao contrário do que se possa pensar de forma intuitiva superficial (i.e. níveis de desemprego colocam pressão sobre a necessidade de diminuição de número de vagas no ensino superior público), a medida não poderia vir em pior altura!

Este é, indubitavelmente, o pior período para uma medida deste género, por um fator muito simples: vivemos num período - a vários níveis - atípico e instável. Será, por conseguinte, difícil avaliar o impacto desta medida, no futuro e, mais importante do que isso, temos de compreender que os atuais níveis de desemprego são fruto das afetações de decisões de política económica (desastrosa) e não de decisões relativas ao ensino superior.

A título pessoal, considero que seria mais importante, nesta fase, mudanças ao nível dos conteúdos curriculares (no ensino secundário e ensino superior) de forma a permitir que os graduados estejam mais preparadas para responderem à incerteza (e.g. evitando a especialização tão cedo e permitindo maior liberdade de definição dos planos de estudos, estabelecendo apenas a necessidade de determinadas disciplinas core) e é necessário, igualmente, repensar o sistema de acesso a um outro nível, por exemplo, com o intuito de reduzir os níveis de desmotivação e de abandono - consequentemente promovendo uma maior racionalização de recursos públicos - (e podia enumerar outros fatores). Concomitantemente, ainda que defenda um outro sistema de regulação da oferta formativa, deveríamos deixar a regulação pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior funcionar (estavelmente) e esperar pelos resultados dos processos de avaliação de ciclos de estudos desenvolvidos pelas Comissões de Avaliação Externa. Após se avaliar o seu trabalho e num enquadramento nacional mais estável, aí sim, proceder-se-ia a eventuais alterações no sistema.

Importa, salientar o ponto fulcral da imprevisibilidade do mercado laboral e do facto da formação superior não possuir apenas o objetivo de formar cidadãos para o mercado laboral. Aliás, não consigo conceber o ensino superior como uma escola de formação profissional. Independentemente de se deverem fazer ajustes (em períodos mais estáveis), o que deve, sobretudo, ocorrer é uma diminuição das assimetrias de informação: os futuros e atuais estudantes devem informadas sobre a empregabilidade dos ciclos de estudos que frequentam ou pretendem frequentar (entre outros dados) e devem optar de acordo com as suas motivações, mesmo sabendo os riscos que decorrem das suas escolhas em matéria de empregabilidade. A implementação pelo governo da Resolução da Assembleia da República n.º 53/2012, - que recomenda ao Governo que estabeleça as condições para a criação de um contrato de transparência no acesso ao ensino superior -, inicialmente desenvolvida pelo grupo parlamentar do CDS-PP na anterior legislatura, poderá ser um bom ponto de partida.

Finalmente, um ponto que creio que importa referenciar. Claro que estamos a sofrer algumas consequências da massificação, mas ela tinha que ocorrer: era uma inevitabilidade. Como se não bastasse, temos um atraso de qualificações superiores bastante grande (vd. e.g. Education at a Glance 2013), pelo que reduzindo as vagas na generalidade acho um tremendo erro e sairemos desta crise ainda mais fragilizados.

Temos, portanto, um desastre, à Crato, que ameaça agravar o maior dos défices: o das qualificações. 

14
Jul13

Do Portugal kafkiano

Cláudio Carvalho

Uns certos puristas da esquerda ortodoxa julgam que o Partido Socialista não pode negociar ou dialogar nada com os partidos que suportam a coligação governamental, nem que com isso nada se perca. Para estes, dialogar e negociar é uma plena subjugação; tomar um café com alguém de direita, uma traição. É pena que estes muros não tenham, definitivamente, caído.

13
Jul13

Página da História que há-de ser escrita

mariana pessoa

No livro, num capítulo dedicado a Portugal, diz que José Sócrates foi manipulado pela chanceler alemã e fala de Vítor Gaspar como um “vassalo de Merkel”, mas na conversa com o PÚBLICO deixa elogios à forma como o país está responder às exigências dos seus credores. “Os países do Sul da Europa foram colocados na defensiva. Estes países não agem, reagem. Mas Portugal teve uma postura importante com o voto do Tribunal Constitucional.Aqui não se tentou suprimir esta voz, mas o que se disse foi: ‘Desculpem, nós temos esse veto da parte do Tribunal Constitucional, já não podemos ir além desta barreira.’ Mostraram que não podem transferir toda a soberania para a União Europeia”, afima GertrudeHöhler. (Público, 12.07.2013)


Gertrud Höhler, sumariamente descrita como uma antiga colaboradora de Helmut Kohl e como já não fazendo parte da CDU. Nos livros de História, estará escrita a decisão do Tribunal Constitucional em defesa da lei que o vassalo Gaspar quis contornar.

12
Jul13

Inspirador

Cláudio Carvalho

«Dear sisters and brothers, I am not against anyone. Neither am I here to speak in terms of personal revenge against the Taliban or any other terrorists group. I am here to speak up for the right of education of every child. I want education for the sons and the daughters of all the extremists especially the Taliban. (...) Dear sisters and brothers, we realise the importance of light when we see darkness. We realise the importance of our voice when we are silenced. In the same way, when we were in Swat, the north of Pakistan, we realised the importance of pens and books when we saw the guns. The wise saying, “The pen is mightier than sword” was true. The extremists are afraid of books and pens. The power of education frightens them.»
11
Jul13

Os erros de Assunção Esteves e a estabilidade da democracia

Cláudio Carvalho

A Presidente da Assembleia da República Assunção Esteves citou Simone de Beauvoir, para chamar aos cidadãos que se manifestaram nas galerias da Assembleia da República de "carrascos". Como já o escrevi, se estes fossem realmente carrascos, provavelmente Assunção Esteves já teria sido enforcada ou decapitada (seja na interpretação literal, seja na interpretação figurativa), assim um pouco como o estado deste governo: um governo politicamente decapitado (como se viu, uma vez mais, ontem, pela intervenção do Presidente da República Cavaco Silva). Mas, o pior, nem é isto de ter uma Presidente da Assembleia da República histriónica em modo histérico, que não contém metáforas infelizes.

O pior é ela e os que a defendem, não perceberem que este tipo de manifestações pacíficas, ainda que possam roçar o limite do aceitável, são válvulas fundamentais que aliviam a pressão das consequências negativas desta crise económico-financeira, social, política e institucional. Soluções como fechar o acesso às galerias da Assembleia da República, para lá do péssimo sinal político, só agravam o problema da salubridade democrática e a estabilidade quanto à segurança. Sem estas "válvulas", teremos incidentes similares aos do Brasil. Refiro Brasil, para não referir outros exemplos similares ou mais graves. Não podemos correr o risco de deixar cair a democracia, antes de cair toda a economia. A história, volta-se a repetir...

11
Jul13

Assunção sem noção

David Crisóstomo

Face a isto:

 

 

Houve esta resposta, utilizando uma citação outrora usada numa análise ao caso da prisão de Guantanamo:

 

 

Devem os cidadãos que perturbem os trabalhos do parlamento (ainda por cima insultando os parlamentares) ser convidados a abandonar as galerias? Claro. 
Todavia, parece que há um desejo consensual no laranjal: as galerias Assembleia da República não podem estar abertas para todos os cidadãos da República. Só para alguns.
Estamos sem dúvida a semear lindas tempestades.

 

11
Jul13

Eis a altura de honrar o ícone José Gomes «Marreta» Ferreira

Cláudio Carvalho

- Prémio "agora é que isto vai encarreirar" para a proposta de José Gomes Ferreira: "Promover a ética nos negócios – novo código de valores para a vida económica"

- Prémio "homenagem ao chavismo” pela proposta de José Gomes Ferreira: "Fixar administrativamente os preços da energia"

Prémio "Inovação em Políticas Públicas no III Milénio" para a proposta de José Gomes Ferreira: "Pôr a justiça a funcionar"

- Prémio “sou um irresponsável com carteira de jornalista e com demasiado palco" pela proposta: "Acabar com as parcerias público-privadas"

- Prémio “imito na plenitude os marretas" pela a proposta: "Sim, ainda é possível cortar despesas sociais"

-Vinte valores para a Tese do Mestrado em Estudos Gerais de Taxista "como aumentar as listas de espera novamente" de José Gomes Ferreira: "Acabar com as PPP, também nos negócios da saúde"

- Uma outra proposta com um impacto do camandro deste ícone da "política económica de mercearia": "Aproveitar as melhores propostas do FMI"

- Menções honrosas para outras propostas nunca vistas e nunca alguma vez tentadas, concebidas num qualquer WC de Carnaxide:

"Convidar funcionários públicos a ficar em casa"

"Definir o estado que podemos pagar"

"Pôr toda a agente a pagar impostos"

"Reduzir o «planeamento fiscal» ou fuga legal aos impostos"

"Combater ferozmente a fuga ao fisco"

"Criar um novo regime político-constitucional"

"Comprar português – investir para exportar cada vez mais"

 

Mais por esta via https://twitter.com/vascodcm/status/355108434020020224.

 

10
Jul13

Cavaco resolveu "cavar" ainda mais fundo

Cláudio Carvalho

A intervenção do inconfundível Cavaco Silva foi tão inesperada e complexa, como desastrosa. Realce-se os dois sinais consequentes da sua intervenção:

1. Anunciou eleições legislativas para depois do fim do programa de assistência económica e financeira (PAEF), supostamente, em junho de 2014. Convém fazer um importante aparte: parece-me que as eleições nunca ocorrerão antes de agosto ou até de setembro, o que invalida parte do argumentário usado, relativo à apresentação do Orçamento de Estado, neste caso, de 2014. Adiante... Coloca as decisões estratégicas de investidores e empresários em completo stand-by. Atrasar-se-á o investimento, a criação de emprego ou outras decisões estratégicas, até à clarificação do panorama político, na melhor das hipóteses, no segundo semestre de 2014 ou após a aprovação do Orçamento de Estado para 2015. A instabilidade da última semana foi, inequivocamente, transformada em instabilidade permanente. Em suma, um péssimo sinal para o setor empresarial financeiro e não financeiro.
2. Apelou a um acordo tripartido entre PSD, CDS-PP e PS, não só até ao final do PAEF, mas até 2018. Temos, assim, um duplamente desastroso sinal político. Primeiro: não garante a "ratificação" da legitimidade conferida pela decisão eleitoral dos portugueses em 2014. Segundo: com a sugestão de acordo a três, atomiza a política partidária portuguesa , quebra a pluralidade política, a importante alternância democrática e a réstia de estabilidade que nos resta. Assim, podendo ocorrer um falhanço redondo das soluções de PSD, CDS-PP e PS, emergirão partidos como PNR, PPV, POUS, PCTP/MRPP e afins, já para não falar da probabilidade de PCP alcançar 20% e os riscos inerentes desta extremização.

Após Vítor Gaspar, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, Cavaco Silva resolveu, também ele, "cavar" ainda mais fundo...

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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