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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

31
Mai13

Da série 'Nós somos do regime de excepção'

Pedro Figueiredo

Precisamos de respeitar algumas regras. Podemos estar muito de acordo ou muito em desacordo. Não há democracia sem regras. A ideia de que podemos dizer, sem consequências, o que quiseremos, impormos aos outros o que quisermos, é uma ideia que é contrária à democracia. Quem decide por maioria tem legitimidade para tomar as decisões, o que não significa que elas agradem a toda a gente. Mas as leis são para cumprir venham elas do Tribunal Constitucional, da Assembleia da República, do Governo, as leis são para se cumprir.

Pedro Passos Coelho sobre a interrupção de hoje dos trabalhos da AR pelos convidados nas galerias

 

Entretanto, no site da Renascença:

Governo contorna chumbo do Tribunal Constitucional e corta subsídios de desemprego e doença

30
Mai13

Adoro esta gárgula

David Crisóstomo

 

Tal como a Shyznogud, a minha alma também ficou parva ao ler a crónica com que Vasco Graça Moura decidiu ontem deliciar os seus leitores. Eu nem sei o que dizer: 

 

"Agora, e em paralelo com esta opacidade progressiva do diálogo, está-se a assistir à proliferação do insulto. E, pior, o insulto não se limita a ser personalizado, entra no próprio plano institucional."

"É um processo de agitação e desgaste muito preocupante, porque bloqueia quaisquer possibilidades de discussão e apreciação crítica daquilo que estiver em causa e porque é susceptível de alastrar como forma de protesto numa dinâmica de massas que não se sabe onde pode ir parar. O problema não se resolve limitando a liberdade de expressão nem excluindo a polémica por mais acesa que seja, mas é necessário perceber-se o grau de responsabilidade que decorre desta instrumentalização e generalização do insulto como arma política. Um país que não respeita as suas instituições legítimas é, por definição, um país inculto. E isso só pode aumentar a gravidade do insulto."

 

Há coisas incríveis: Vasco Graça Moura, que é quase incapaz de escrever uma crónica sem insinuar, injuriar ou caluniar algum ser ou organização que não lhe mereça um particular apreço, vem agora clamar que 'está-se a assistir à proliferação do insulto.' Tudo devido ao caso do 'palhaço'. Meu Deus. Numa breve volta pelos textos publicados pela douta personagem desde Dezembro de 2009 no DN, eis os não-insultos que fui encontrando:

 

28
Mai13

O "show-off" de Crato

Cláudio Carvalho

"O Ministério da Educação (MEC) vai reduzir o número de vagas de acesso ao ensino superior, encerrar as licenciaturas com menos de 20 alunos (...)"


Nada de mais. Estamos a falar de algo que, até, foi introduzido por Mariano Gago e que já foi feito no ano passado com as salvaguardas necessárias, à semelhança de outros anos. Não há pachorra para o show-off de Crato.

27
Mai13

Uma tarde na Universidade

Rui Cerdeira Branco

A dada altura, no decurso dos workshops sobre 'The Next Left - por um novo contrato social' que se sucederam à conferência internacional que decorreu hoje na Universidade de Lisboa, um dos convidados (Andrius Belskis investigador da Lituânia especializado em ciência política) virou-se para a sua plateia e atirou: "Como é que um líder político vem aqui sublinhar quão importante é os partidos e movimentos sociais agirem em conjunto e logo de seguida desaparece do local, imediatamente antes de o verdadeiro dialogo começar? Afinal que prioridades de agenda têm os políticos de hoje? Como conseguem ser coerentes com o que afirmam, de facto?
Talvez a crítica não seja inteiramente justa, mas a exaltação provocada é pertinente para quem apenas assistiu àquele exemplo particular. E fica como símbolo; esta foi apenas uma das muitas interpelações (das mais agudas e empenhadas) que hoje se ofereceram a quem pode estar presente em mais um esforço de entendimento, de construção de pontes entre políticos dentro e fora dos partidos.

Tal como já havia sentido noutras andanças políticas, não faltam pessoas, interesse e dedicação para melhorar a vida política vindo de contributos de fora dos partidos. A dita sociedade civil (expressãozinha utilitária mas algo bizarra) é bem mais dinâmica e generosa do que se costuma pintar. 
Valeu a pena? Sem sombra de dúvida. Quanto? Amanhã saberemos. Entretanto vai havendo formiguinhas procurando alimentar uma maré, a de hoje foi a Jamila Madeira que teve a ideia e juntou vontades. Fez política e deu-a a fazer, da melhor que pode haver.

27
Mai13

O culto da mãe natureza era algo que no século XVI dava direito a fogueira

David Crisóstomo

O artigo do Gonçalo Portocarrero de Almada volta a basear a argumentação sobre os perigos e os horrores da co-adoção em casais do mesmo sexo na questão da 'natureza'. Que ter dois pais ou ter duas mães ou um homem que tem preservativos no bolso ou uma mulher que toma a pílula ou um homem sem bigode ou uma mulher de calças ou a transgressão de outras noções predefinidas são uma violação da que é 'natural'. O argumento não é novo e é abundantemente utilizado aqui pela classe dos naturistas de serviço. É lê-los e ouvi-los: natureza natureza natureza natureza natureza natureza natureza natureza natureza natureza. O Paulo Pinto já refletiu sobre a génese deste pensamento.

Excelentíssimos senhores e excelentíssimas senhoras do primado da Lei Natural, oh grandes defensores da não-intervenção no 'curso natural da vida', permitam-me que vos relembre uma pequena característica do conceito 'a Natureza tem sempre razão':

 

In the Neolithic, the average life expectancy at birth was 20 years.


É um conceito neandertal.


27
Mai13

Dívida, governos e crescimento: um infográfico

Vega9000
Eis um gráfico com o crescimento da dívida em percentagem do PIB ao longo dos vários governos, ligado com a taxa de crescimento da economia. Baseado no gráfico que o Paulo Pedroso partilhou aqui. Fontes: BCE (Gráfico), Pordata (Crescimento).
O que quer isto dizer? Bom, por agora não retiro conclusões nenhumas. Gosto apenas de colocar a informação no seu devido contexto, de uma maneira simples de visualizar. Quem o quiser utilizar para qualquer argumentação, está à vontade.
25
Mai13

A alegria do humor nacional é a tristeza do país

Pedro Figueiredo

Palhaçadas à parte, rir é importante. Afecta o estado de espírito e até a forma como nos relacionamos como os outros. Nada como uma boa e genuína gargalhada até por ser das sensações de maior liberdade que se pode ter. Desde logo porque não nos rimos por pedido ou paramos de o fazer se assim nos mandam, o que às vezes tem o efeito contrário: ainda dá mais vontade de rir. Nem sequer conseguimos controlar a duração do momento, do género "já chega".


O humor é, por isso, terapêutico em certa medida. Do mais non sense ao mais elaborado e direccionado, a caricaturização da realidade tem, no entanto, vários níveis de profundidade. Mais ligeiro ou mais agressivo, dependente também da realidade que se vive ser, ela própria, mais ou menos caricaturável.


O humor baseado na vida política é um bom exemplo disso mesmo. Os protagonistas são sempre uma boa matéria prima, mas obdecem a uma lógica de inversão bem curiosa: quanto pior, melhor. Quanto menos os políticos se dão ao respeito, mais mordaz e ácido se torna o humor. A alegria dos humorista, pela quantidade de material à disposição para trabalharem, torna-se assim a tristeza nacional pelo que tal implica.


Não há qualquer tipo de crítica a fazer aos humoristas pelo aproveitamento da situação. Pelo contrário. A denúncia de determinadas situações, muitas delas sérias, mesmo expostas através do ridículo humorístico, é sempre importante. A capacidade de nos rirmos das nossas próprias desgraças deve vir sempre acompanhada de um profundo sentimento de auto-crítica e de perceber o outro lado da moeda do humor.


A imagem do Chefe de Estado preparado para actividades circenses pode provocar mais do que um sorriso, mas é preciso saber qual a imagem que os portugueses têm do seu Presidente da República. Pode rir-se das figuras da nova Cilinha Supico Pinto, mas nunca esquecer que continua a crescer o número de famílias que passa a depender do Banco Alimentar. Fernando Ulrich pode aguentar bem ser o alvo da chacota humorística, mas não dá para ignorar que muitos dos quase um milhão de desempregados não têm condições sociais de poder regressar ao mercado de trabalho. Pode até dar vontade de rir ver o pai do primeiro-ministro dizer ao filho, pelos jornais, para entregar isto que não tem conserto.


"Isto", presumo, é o país. São estes pormenores, como outros que foram acontecendo ao longo destes últimos dois anos, que fazem com que as coisas já tenham deixado de ter piada.

Pág. 1/5

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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