Porra, só ao estalo
Wolfgang Schäuble, ministro das finanças alemão, na cadeia de televisão pública alemã ZDF, em resposta a uma questão sobre as críticas que se multiplicam contra as posições da Alemanha na crise europeia.
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Wolfgang Schäuble, ministro das finanças alemão, na cadeia de televisão pública alemã ZDF, em resposta a uma questão sobre as críticas que se multiplicam contra as posições da Alemanha na crise europeia.
A grande vitória da direita lusa ocorreu quando, perante os cidadãos do país europeu mais desigual da OCDE, conseguiu evangelizar a classe média e a classe baixa com a ladainha de que "vivemos acima das possibilidades".
Venceu quando começou a extrapolar demagogicamente casos particulares para ficcionar um determinado contexto sociocultural, como são exemplos os recursos abusivos e hostis aos ditos, pela direita nacional, “malandros do rendimento mínimo”. Quando convenceu alguns de que a responsabilização é "dicotómica de" ou "suprema a" um patamar mínimo de proteção social e que a punição é prioritária à reabilitação. Quando convenceu outros de que a caridade substitui eficientemente a segurança social. Saiu gloriosa quando enraizou, sem qualquer pudor, a tese hipótese de que a classe baixa tem um padrão de consumo mais propenso à importação do que a classe alta; que comer bife é hábito de rico. Triunfa quando vinca, no seu timbre clerical, que é nobre ter-se respeitinho pela ordem social, ser-se obediente ao Estado e, sobretudo, ser-se indefetivelmente leal ao sistema tributário para continuar a alimentar os sucessivos erros de planeamento estratégico e financeiro dos executivos. Levou de vencida, quando instituiu como natural a desigualdade e a falta de igualdade de oportunidades e de mobilidade social mas, também, quando fez esquecer que não há liberdade sem liberdade económica.
É neste novo “terreno” que as esquerdas recetivas à economia de mercado – não só na vertente partidária, como em movimentos culturais, sindicatos, correntes de opinião, etc. - têm de “jogar”, transfigurando-o, se quiserem vencer politicamente. Não querendo elaborar apologias deterministas, as esquerdas devem rejeitar o argumentário supra exposto de cariz hobbesiano e que procura bipolarizar a sociedade (i.e. gerações e classes). Devem afirmar-se como alternativa, aprender com os erros do passado e não entrar no discurso tático de apontar nuances de posicionamento que pouco impacto têm, no panorama macroeconómico e social, a longo prazo. Talvez resida aqui a atual grande descrença da esquerda sociológica na esquerda política – incluindo, o parco distanciamento entre a esquerda e a direita nas sondagens - e é, neste vetor, que alguns responsáveis da esquerda política deveriam fazer ajustes de discurso e de opções políticas. Primeiro, é preciso afirmar e personificar uma estratégia social e cultural diferente, para depois vencer politicamente.
Sócrates provocou tamanho ódio. Resmas de rancor e de cólera. É de facto impressionante. Como escreveu o Sérgio Sousa Pinto, "A política de Sócrates deve ter tido forte impacto negativo no sector da pedra lascada, atendendo à impressionante mobilização de trogloditas contra o homem."
Mas o que aqui me traz não é o ex-primeiro-ministro. Na sequência da patética guerra de petições e de todo o movimento de espanto e assombro houve certos comentadores que aproveitaram a maré para exprimir um novo manifesto libertador: fora com os políticos comentadores!
O PCP, numa tentativa histriónica de reescrever a história, sentiu a necessidade de elaborar um documento denominado "PEC IV Toda a Verdade". É adorável esta mania que o PCP tem de eleger o PS como inimigo. Eu sei que é nisto que jogam a sua sobrevivência, afinal de contas na arena da esquerda a competitividade é grande.
É especialmente hilariante, em particular, porque foi o PCP que votou ao lado dos partidos da direita (PSD e CDS), sabendo que culminaria na demissão do Governo de José Sócrates. Se hoje temos PSD e CDS no poder, é justamente porque o PCP, junto com os Verdes e o Bloco, o desejaram. E é tão curioso ser o PCP a querer impor uma narrativa tão conveniente ao governo de coligação.
E assim voltamos à casa de partida: o PCP na cama com o PSD e o CDS. Dizem os comunistas que assim é por que são eles a esquerda patriótica, a verdadeira esquerda, nesse raciocínio tão dicotómico como primário. Mas que seria de esperar de um partido que votou favoravelmente a inversão do ónus da prova para políticos (diz que lhe chamaram criminalização do enriquecimento ilícito), chumbado pelo Tribunal Constitucional, com base na amada Constituição da República Portuguesa)?
Diz portanto o PCP que o PS não é de esquerda porque, durante dois anos, houve um PSD a viabilizar os Orçamentos de Estado do governo PS e os PEC I, II e III. Esta teoria da companhia nos votos é muito curiosa, porque há vários exemplos em que o Partido Comunista se deitou, vamos assim dizer, nos lençóis da direita:
• Referendo sobre despenalização do aborto – O PCP votou contra, apesar do resultado de 1998;
Por outro lado, voltando à questão de ‘a minha verdade é mais verdadeira do que a tua’ e ainda a propósito do chumbo do PEC IV, talvez seja de recordar um cavalheiro que já foi Secretário-Geral do PCP, Carlos Carvalhas, numa entrevista à Antena 1:
Ah, já sei. Carlos Carvalhas não passa na máquina de etiquetagem de esquerda que há na Soeiro Pereira Gomes, é isso? Este direitolas do Carvalhas, pá.
Mas talvez seja por estas e por outras que podemos sintetizar num gráfico, no período pós 25 de Novembro [onde – espera, já sabemos de cor – o socialismo foi metido numa gaveta], os votos dos portugueses nesta mundividência da auto-proclamada esquerda patriótica, nesta linha descendente:
Fonte: wikipedia, resultados das eleições legislativas de 1976 a 2011.
Foto de Paulo Henriques do Fotografia, Sempre!!!
Desde cedo que a expressão 'sacrifício para todos' me fez confusão. Não pelo espírito, mas pela letra. Por mais que possa lembrar alguém que gosta de trocar os des pelos das, ou até por puro preciosismo meu, soa-me melhor 'sacrifício de todos'. Sacrifício que nunca esteve em causa. Aliás, uma das vantagens que se apontava ao novo governo quando tomou posse era que, pelo menos, os portugueses sabiam que vinha por aí um mau bocado que exigia sacrifício. E veio. Só que o ser mau bocado não implicava torná-lo ainda pior.
... alguém, neste último ano e meio de governação, viu, leu ou ouviu algo do senhor Secretário de Estado dos Assuntos Europeus? Nestes tempos de celeuma europeia, onde se questiona o rumo e a própria existência do projecto europeu, é conhecida alguma opinião ou reflexão do Dr. Miguel Morais Leitão sobre a temática? Sei bem que esteve ocupado a exercer a arte de dar graxa bem receber as doutas criaturas do memorando (e estas agradecem a gentileza na página 5 do já muito gozado relatório) e foi a um dos debates sobre a refundação organizado por esse Clube dos Pensadores Potenciais que é a JSD. Mas, pronto, numa altura em que a Europa é o tópico mais relevante para o nosso futuro enquanto nação, eu esperava que o membro do governo português responsável pela pasta dissesse umas coisitas sobre a mesma, assim de tempos a tempos, se não for muito incómodo. Compreendo que não se possa questionar as decisões europeias, pois são providas dum iluminismo radiante e duma sabedoria desmedida, temos que obedecer, ceder, aceitar, dar a patinha, ser uns fofos. Mas não me conformo, gostava de escutar assim uns raciocínios, se fosse possível. Estou aqui a maçar, eu sei.
Enfim, se o senhor Secretário de Estado pudesse dar prova de vida (ou de actividade cerebral, também serve), a gerência agradecia.
Quando um executivo tem o "condão" de manter teimosamente o seu elo mais fraco, a inoperância de outros ministros como é o caso do da Educação e Ciência (e da sua equipa ministerial) passa ao lado, mas naturalmente não devia.
Não obstante o sistemático destaque dado a outras matérias vinculadas ao setor, convém alertar para alguns dos problemas menos badalados, mas não menos preocupantes:
Nos dias que correm, onde o ruído abunda e o essencial passa a acessório, fica a lembrança para que se saiba como se compromete uma geração quando se coloca o setor educacional e científico num alvoroço silencioso.
Igreja ortodoxa cipriota coloca fortuna à disposição do país:
Arcebispo Chrysostomos II oferece-se para hipotecar património milionário e comprar dívida pública, para evitar colapso da economia.
Citado pela Lusa, o religioso disse que a Igreja se ofereceu para hipotecar todas as suas propriedades para comprar obrigações do Governo, mas escusou-se a estimar o valor que este processo permitiria angariar.
A igreja ortodoxa é a maior proprietária de terrenos na ilha de Chipre e detém ainda ações de numerosas empresas, nomeadamente o banco Hellenic, com ativos estimados em dezenas de milhões de euros.
[Comunicado: A direcção de informação do 365 forte vem por este meio clarificar que o Arcebispo mencionado nesta notícia não tem qualquer relação com o nosso David Crisóstomo, mais conhecido por Crisóstomo I.]
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