Tão natural como a sede de "um homem invulgar"
Pedro Marques Lopes e Pedro Adão e Silva chamaram-lhe "liberalismo de contra-capa".
Certo é que Passos Coelho, então líder do PSD, em diálogo com as suas "(...) caniches, companheiras de muitos anos, (...) e que o escutam como se nenhuma das suas palavras fosse desperdício", já tinha postulado que havia Estado a mais em todo o lado, em particular em áreas tão dispensáveis como a saúde, educação e segurança social. Coisa do passado? Nem por isso: o esvaziamento das funções sociais do Estado, no âmbito da amada "refundação", consagra a "liberdade de escolha" nestas três dimensões matriciais do Estado e mantém-na na agenda política.
Convenhamos que a liberdade de escolha é uma puta bem vistosa e por isso serve de argumento bastante poderoso.
Mas nem tudo o que luz é ouro. E se a liberdade de escolha passar a ser o bem supremo para as funções sociais do Estado, quero já o meu dinheirinho para recorrer a segurança privada, já que quanto à do Estado a minha relação é complexa.
O cheque ensino, na educação, por exemplo, é objecto de arremesso de propaganda. A Suécia tem-se assumido como caso de sucesso, mas é o próprio presidente da Agência para a Educação sueca que afirma que o sistema introduzido em 2012 não levou a resultados melhores, bem pelo contrário: pioraram abruptamente os resultados da Suécia no PISA.