Chegou a época da caridadezinha
Está aí o mês do Natal, o mês da aletria e das farófias, do bolo-rei e das passas, o mês do discurso tradicional em que o nosso Presidente da República anuncia que, de facto, está vivo e, o menos suportável, o mês da coexistência, mais ou menos mediática, ad nauseam do consumismo desenfreado com o discurso laudatório e oportunista em torno da caridadezinha. Não há paciência para assistir a este oportunismo sazonal, marketizado e egoísta à volta da caridade, que está ao mesmo nível simplório que a Missa do Empreendedorismo para o setor empresarial. Não há paciência para a hipocrisia que se assiste das propaladas Madres Teresas muito solidárias e fraternas e que durante o resto do ano defendem políticas que conduzem ao facto de nos mantermos como um dos países mais desiguais dos demais países desenvolvidos (na União Europeia a 28, somos o terceiro país com maior desigualdade social, sendo só ultrapassados pela Espanha e pela Letónia). Se para o próximo ano, desejar ser altruisticamente um pouco mais solidário, é simples: ajude a fazer cair este governo e a sua indigência política.