O apelo à violência de Cavaco ou Da bondade das interpretações mais ou menos literais
Apelo tanto mais grave, o de Cavaco, quanto não apelou ao uso de pedras nem paus mas antes ao uso de engenhos explosivos.
Ah!, responderão alguns, mas a diferença é que Soares faz avaliações que de tão insistentes só podem ser interpretadas como apelos à violência ou configurar o uso de linguagem agressiva.
Atente-se então às sucessivas declarações de Cavaco. No discurso de Ano Novo de 2010 alerta para situação potencialmente explosiva. Passado um ano insiste em falar numa situação que quase parece explosiva. Para de novo usar a expressão em Junho de 2011 ao dizer que o país tinha chegado a uma situação explosiva ainda a procissão da austeridade ia no adro.
Sabemos que a política é amiúde feita de critérios dúplices. Ainda assim, importa desmontar os lamentos de virgem ofendida de responsáveis da maioria perante a dureza de quem, como Mário Soares, não se conforma com a calamidade a que este Governo nos conduziu e que, para cúmulo, pretende acentuar.
Nota: para os ouvidos mais sensíveis da maioria aqui fica o esclarecimento sobre o que é um apelo. Um apelo à violência é isto: "Corram-nos à pedrada, a sério. Arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada. Eu estou a medir muito bem aquilo que digo".