There's only one Ronaldo
A história explica-se em parte pelo trauma dos adeptos do Machester United com Ronaldo, o Fenómeno. Corria o ano de 2003. Liga dos Campeões. O Manchester United tinha perdido a primeira mão em Madrid 3-1 contra o Real de Raúl, Roberto Carlos, Figo, Zidane... e Ronaldo. A segunda mão destes quartos de final, em Old Trafford a 23 de Abril, confrontava os clubes vencedores de três das quatro anteriores edições da Liga dos Campeões.
O resultado foi um dos melhores jogos de futebol da história. Uma noite memorável para adeptos do Real apurado e para adeptos do Manchester que apesar da eliminação do seu clube brindaram, no final da partida, todos os jogadores com uma standing ovation. Apesar da vitória do United por 4-3 o herói da noite é Ronaldo, o Fenómeno que com o seu hat-trick coloca o Real a vencer 0-1, 1-2 e 1-3 permitindo a sensação de controlo do jogo e da eliminatória. A ponto de ter direito a uma ovação só para si no momento em que é substituído, aos 67 minutos:
Reza a lenda que na audiênca se encontra um milionário russo Roman Abramovich que fica de tal forma entusiasmado com o espectáculo que decide naquele momento comprar um clube de futebol.
Seis meses depois, num particular contra o Sporting na inauguração do Alvalade XXI, Ferguson rende-se a um outro Ronaldo, uma promessa de futebol português. A história é conhecida. A partir desse momento havia Ronaldo, o Fenómeno e Ronaldo, o outro, o Cristiano. Os anos que se seguem são marcados para ascenção meteórica de Cristiano Ronaldo e em sentido oposto pela transição de Ronaldo, o Fenómeno para Ronaldo, o Gordo.
Com o passar dos anos aumenta a tentação da comparação. No estilo excessivo próprio dos adeptos, os fãs do Manchester United adoptam um cântico "There's only one Ronaldo". Em 2009, o próprio clube aproveita para vender o cântico em merchandising. Ronaldo, o Fenómeno prossegue a sua curva descendente com ostensivos problemas em controlar o peso resultantes de um hipertiroidismo só mais tarde revelado. Não obstante, os adeptos do Corinthians, onde viria a terminar a carreira, fazem uma camisola de resposta exibindo o palmarés de Ronaldo Luís Nazário de Lima.
Certamente Cristiano Ronaldo não igualará os dois títulos mundiais de Ronaldo, o Fenómeno. No entanto, em quaisquer outros parâmetros Cristiano Ronaldo ou já ultrapassou ou está em vias de ultrapassar o desempenho de Ronaldo, o Fenómeno em toda a sua carreira de clube.
Neste momento, parece definitivo que Ronaldo já não se compara com Ronaldo, o Fenómeno. Ronaldo está numa escala onde já só estarão Pelé, Maradona... e Messi. There's only one Ronaldo.