Suserania política
O tema que abriu a Quadratura do Círculo desta semana foi a próxima vinda de Angela Merkel a Portugal.
Lobo Xavier abriu o debate e a sua intervenção andou à volta de considerar um disparate a elevação da chanceler alemã à condição de persona non grata no nosso país.
Pacheco Pereira falou a seguir. Começou por dizer que primeiro era preciso saber o que vinha a Sra. Merkel cá fazer. E assim como perguntou, respondeu: vem apoiar o Governo. As explicações ficam aqui transcritas:
«Fica a ideia de suserania política sobre Portugal e isso não me agrada. É uma realidade dos factos e também não acho que seja tão ostensiva para ser a principal razão para justificar as reacções, mas está implícita a ideia que quando um importante agente estrangeiro, com poder de veto na Europa, ou seja não se faz nada que não tenha o apoio da Alemanha, venha a um país como Portugal, intervencionado para apoiar o seu governo e portanto implicitamente a política desse governo, ela está a dizer que tem uma suserania política qualquer sobre esse governo. Isso incomoda-me noutro sentido. É que é errado concentrar as atenções na Senhora Merkel. Uma das coisas que a oposição está a fazer é que o mal está a visitar-nos na segunda-feira. E isso tem um efeito desresponsabilizador sobre o governo e as políticas do governo».
Continuou a explicar que há políticas seguidas de acordo com o que foi acordado com a Troika, mas as medidas tomadas para a implementação dessas mesmas políticas já se provaram estarem erradas. Pergunto-me até quando é que a incompetência continuará a ser ignorada. E nem sequer me estou a lembrar (ou esperasse) que de Belém viesse algum sinal de vida. Vamos, com certeza, ver sua excelência sorridente a apertar a mão à chanceler para as fotografias. Aliás, no caso do actual inquilino presidencial, o maior legado que deixará aos portugueses será o de os ter realmente colocado a pensar: «Assim, para que é que é preciso um Presidente da República?»