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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

20
Abr16

Lúgubre espectro, triste figura

Sérgio Lavos

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Passados cerca de cinco meses de Governo de esquerda, quase que nos esquecemos de que até Outubro ocupava o poder o pior conjunto de políticos que este país viu desde o 25 de Abril. Entrámos na normalidade institucional. Foi aprovado um Orçamento de Estado sem inconstitucionalidades e a cooperação entre os diversos órgãos de soberania - Assembleia da República, Governo, Presidência e Tribunal Constitucional - é serena e respeitosa. E aquela unanimidade burra em volta de coisas como "austeridade" ou "reformas" desapareceu, substituída por uma governação que depende da negociação com os diversos partidos representados na "casa do povo", o parlamento. As sibilas que durante semanas, meses, auguravam que as sete pragas do Egipto se abateriam sobre nós no momento em que perigosos comunistas tomassem o poder recolheram-se humildemente nos seus covis, apenas espreitando a cada flutuação dos mercados ou estrebucho das taxas de juro da dívida soberana. 

Não tem sido no entanto nada fácil, o caminho. O Governo enfrentou desde o início a resistência, não só da oposição (que teimava em reconhecer a derrota) mas também de uma legião de comentadores enraivecidos que, dos seus palanques mediáticos, iam perorando sobre a impossibilidade da situação. Mas, como toda a gente já deveria saber, a política é a conjugação dos possíveis, e, de possível em possível, chegou-se a um momento de estabilização. Aos olhos da União Europeia, o Governo passou a ser respeitado. E, imagine-se, sem subserviência. Claro que os vários desafios próximos (o PEC está prestes a ser apresentado, a economia continua estagnada no mundo inteiro) não serão fáceis de enfrentar, mas nada nos indica que não poderão ser ultrapassados, como tem acontecido até agora.

E depois, há o descanso. O descanso de sabermos que não temos um primeiro-ministro que diz coisas como a que esta noite recordei no Twitter (a propósito de um debate sobre o BANIF): o saudoso Passos Coelho que, em Setembro de 2015, garantia que o "dinheiro emprestado ao fundo de resolução está a render" foi-se, desapareceu. Sim, eu sei, eu sei que há por uma figura vagamente parecida com ele. Mas não passa de uma assombração, lúgubre espectro, triste figura. Ele e o seu pin, Dom Quixote e Sancho Pança. Primeiro-ministro no exílio que se recusa a falar na Assembleia da República e inaugura escolas abertas há anos, dizendo de vez em quando coisas sem nexo a que ninguém liga. A sombra do que foi, e do que disse: tanta coisa absurda, afrontosa, miserável. Como estas maravilhosas afirmações sobre o dinheiro que o Estado tem no fundo de resolução. Num momento em que o actual Governo tenta apagar o fogo deixado aceso pela sua incompetência, pelo seu oportunismo eleitoral, no Novo Banco e no BANIF, recordar estas palavras serve de lição, aprendizagem de uma herança negra. E também nos ensina muito sobre o homem sem qualidades que, por acaso do destino, foi nosso primeiro-ministro durante quatro anos. Não queremos ver novamente esta alma penada a pairar sobre o país. Também esta responsabilidade pesa sobre os ombros do Governo e dos partidos que o apoiam. Seria bom, muito bom, que não falhassem.  

02
Mar16

Sempre em pé em desequilíbrio

Vargas

O deputado Passos Coelho, que por estes dias se insurge contra o peso do Imposto sobre Produtos Petrolíferos, parece ter o condão de cair nas ratoeiras que ele próprio montou enquanto era Primeiro-ministro. Neste vídeo desenterrado com afinco e datado de outubro de 2013, encontramos Passos a afirmar que um ISP mais baixo seria "estar a dar um sinal errado" e que não faria sentido para o "equilíbrio ambiental". Curioso, não é? E ainda deixa a dica para que os cidadãos andem mais, imagine-se, de transportes públicos.

 

 

 

 

 

 

 

22
Dez15

Humorista sem punch line

João Martins

O David partilhou no twitter que a primeira atividade parlamentar de Passos Coelho foi fazer perguntas sobre os quadros de Vieira da Silva. Juntamente com outros deputados, o ex-primeiro-ministro da ex-PAF deixou a melhor pergunta para o fim. Pergunta Passos se o Ministério da Cultura - aquele que com ele deixou de existir - garante que o trabalho feito pelos l governos que liderou não será "desperdiçado por falta de sensibilidade artística".

Há piadas que não precisam de punch line.

28
Set15

Mestificações

João Martins

 

Em 2008, Passos Coelho profetizou que não seria difícil “aparecer um demagogo que prometa o céu à grande maioria do eleitorado, para o levar para um abismo ainda maior do que o que existe". Passos avisou ainda que se estava a “cavar uma injustiça muito grande entre a maioria e uma meia dúzia de pessoas que vivem cada vez melhor" e que a emigração era “um sinal de que estávamos a recuar 40 anos”.

Em 2011, já sabemos o que aconteceu: Passos prometeu que no governo não ia aumentar impostos; prometeu que não ia mexer nos subsídios; que não ia privatizar “ao desbarato” para arranjar dinheiro; que não ia cortar nos subsídios. Ao mesmo tempo, criticou os governos “sem orientação estratégica”, “sem capacidade de vender um sonho ou uma esperança para o futuro do país”, e que em vez disso deveriam “servir para ajudar o cidadão na busca da felicidade a que temos todos direito”, assumindo que não iriam "sacrificar sempre os mais desprotegidos".

Em 2015, o líder da coligação PSD/CDS já afirmava que não ia oferecer “aos portugueses um caminho de promessas fáceis, de ilusões nem de facilidades”. Contudo, uns meses depois, já veio dizer que lhe "parece de justiça e de equilíbrio que aqueles que mais sofreram sejam aqueles que também possam beneficiar do arranque da nossa economia e do crescimento do nosso país", ou seja, os mais sacrificados nestes últimos anos.

Quando o PS diz que “É Tempo de Confiança”, não é por acaso. Depois destes quatro anos, os portugueses já estão fartos de não poder confiar em quem os governa, de não poder acreditar em quem lhes prometeu facilidades e compromissos que depois não se vieram a concretizar, e que agora voltam a tentar a mesma receita para estas eleições. 

No dia 4 de outubro, já só cai no abismo das promessas do "demagogo" quem quiser. O Luís Vargas ajuda a relembrá-las.

 

26
Jul15

A realidade do Governo e a realidade real

Sérgio Lavos

A construção da narrativa da coligação assenta numa estratégia de dissimulação e passa por mentiras, meias verdades e mistificações.

Um dos pilares mais importantes é a recuperação económica do país, medida de forma abstracta por números, desde o crescimento económico até ao investimento, passando pelas exportações. Mas estas abstracções, por muito eficazes que sejam nos media – criam parangonas, aberturas de telejornal e momentum no comentarismo nacional – valem pouco se as pessoas não sentirem na sua vida mudanças.

Não surpreende portanto que numa sondagem recente a maioria dos inquiridos tenha colocado no topo das suas preocupações o emprego. É que a realidade, estranhamente, continua a não coincidir com a narrativa da direita. As pessoas continuam a sentir de perto o desemprego generalizado – ou continuam desempregadas, ou conhecem um familiar ou um amigo desempregado ou sabem de alguém que tenha emigrado por não encontrar emprego em Portugal.

Contra factos, o que faz o Governo e os dois partidos que o apoiam? Primeiro mistifica, manipulando estatisticamente os números. Foi um caminho longo e paciente, que começou na substituição das direcções de todos os centros regionais de Segurança Social, finalmente em 2014 ocupados exclusivamente por boys e girls do PSD e do CDS. Também passou, logo em 2011, por algumas alterações essenciais na contagem dos desempregados. Até este Governo ter tomado posse, as pessoas que frequentavam formações continuavam a contar como desempregados. Em 2011, havia 20 000 pessoas nessa condição. Em Junho de 2015, chegam aos 156 000, e deixaram de contar para as estatísticas como desempregados. Os estágios pagos pelo IEFP são outra frente do ataque: ao abrigo desta modalidade, os desempregados são colocados em empresas mas o IEFP continua a pagar parte do salário, podendo chegar este contributo até 95% do salário. E sim, somos nós todos, contribuintes, que pagamos o salário que os patrões deveriam pagar, numa completa subversão das leis do trabalho e também numa desvalorização do factor trabalho. É deste capitalismo que muitos dos nossos patrões gostam. Finalmente temos os contratos emprego-inserção. Ao abrigo destes, os desempregados continuam a receber subsídio (ou RSI) mas trabalham em serviços do Estado ou em IPSS’s. Não recebem o justo salário, mas são obrigados a trabalhar por um valor quase sempre inferior ao SMN. Destes, 46 000 (números de Junho) ocupam lugares na administração central ou local, sem contrato de trabalho ou vínculo à função pública.

Depois da mistificação vem a segunda fase: a da mentira, mais ou menos clara. Repetida até à exaustão por governantes, apoiantes, comentadores e alguma imprensa. Num recente tempo de antena da coligação, esta gabava-se de ter “quase” recuperado o emprego para números anteriores à troika. Este quase são 320 000, que é a diferença entre o número de empregos que havia no segundo trimestre de 2011, quando o Governo ganhou as eleições, e o primeiro de 2015. Mais concretamente, no segundo trimestre de 2011 havia 4 799 400 empregados e no primeiro trimestre de 2015 4 477 100. Curiosamente, esta diferença corresponde sensivelmente ao número de portugueses que emigraram entre 2011 e 2015.

É esta a direcção que a coligação vai tomar até às eleições. O esforço será feito para convencer as pessoas de que a realidade que todos os dias vivem afinal não é real. Talvez consigam enganar algumas pessoas durante algum tempo. Mas não vão de certeza enganar toda a gente durante todo o tempo. A realidade é mesmo real.

 

(Todos os números citados tiveram como fonte o INE.)

 

(Texto publicado no site do Tempo de Avançar)

12
Jul15

O carácter de Passos e Portas

Sérgio Lavos

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Vamos, para já, esquecer as previsões falhadas, a destruição da economia e o aumento da pobreza que as políticas do Governo provocaram. Concentremo-nos no carácter dos governantes.

Há numerosos estudos apontando para um facto: o eleitor tem sempre em conta a personalidade do político e a confiança que este invoca. Não interessam tanto as propostas políticas ou a ideologia, mas a capacidade que o político tem de convencer o eleitor de que conduzirá o país ao caminho certo. E a avaliação que é feita depende de vários factores, entre eles a habilidade retórica ou o carisma. Todos estes factores contribuem para a construção de uma imagem, abstracta e impressionista, imagem fabricada e intrinsecamente dependente dos média que a difundem (e também constroem, por interesse subterrâneo, involuntário ou evidente). No limite, é nesta imagem fabricada que votamos, e não no político real – e não certamente na pessoa que está por detrás desta imagem, inacessível a todos.

Pensemos então em Passos Coelho e Paulo Portas. Quem é Passos? Segundo um estudo de opinião recente, a característica que as pessoas mais associam ao seu nome é ser mentiroso. Não é especulação, nem uma “ofensa”; é a mais nítida impressão que ele deixa. De acordo com outro estudo de opinião, Passos seria o político no qual as pessoas menos confiariam para comprar um carro em segunda mão. Esta ideia que temos de Passos, curiosamente, não se distancia muito da imagem que ele quis dar de si: ele é o homem simples, com defeitos e pecadilhos (a fuga ao fisco, a fraude dos fundos europeus na Tecnoforma), um de nós, alguém que não pertence à elite. As férias de chanatas em Manta Rota ou a casa em Massamá reforçam a impressão. A mentira, reiterada e exposta (das promessas feitas em campanha rapidamente esquecidas à insistência em não ter dito coisas que efectivamente disse), é parte da persona de Passos. A mentira, numa distorção digna de Orwell, é vendida como qualidade, e não como defeito. Certamente que a sua equipa acha que o relativismo moral dos portugueses é tão acentuado que conseguirá passar esta mensagem. É extraordinário, mas não deixa de ter cabimento. A realidade é uma construção mental, e os propagandistas sabem disso. Passos, o homem sem qualidades alçado a primeiro-ministro, confia nos seus defeitos para voltar a conquistar o poder.

E Portas? Portas é tudo e o seu contrário. Já foi intelectual liberal, jornalista de escândalos, conservador na senda de Thatcher, populista desavergonhado, brilhante tribuno e homem de Estado (duas vezes). Portas é o homem que transporta o seu carisma pelas praças e mercados do país, distribuindo beijos por peixeiras enquanto escavaca carros topo de gama oferecidos pela Universidade Moderna. Há o Portas da lavoura, o Portas dos reformados (que quando chega ao Governo corta pensões e reformas), o Portas do partido do contribuinte (que quando chega ao Governo faz o maior aumento de impostos da História da democracia), o Portas dos submarinos, o Portas compadre de Jacinto Leite Capelo Rego, o Portas das exportações a bombar (quando elas encolhem). Paulo Portas, antes de ser Irrevogável, já o era. A sua palavra sempre valeu menos do que a virgindade num prostíbulo, a dissimulação é o âmago essencial da sua natureza. Traiu Marcelo Rebelo de Sousa por um prato de lentilhas, e em 2013, à primeira oportunidade, quis saltar do barco, e quando viu que não tinha o apoio do seu partido (e que por isso a sua carreira política poderia chegar ao fim), voltou atrás na palavra, ficando para a posteridade com o cognome de O Irrevogável. Orgulho? Honra? Dignidade? Tudo entradas riscadas no seu dicionário. Já a palavra “vaidade” brilha em todo o seu esplendor, sublinhada a marcador fluorescente e com várias anotações à margem.

Passos Coelho e Paulo Portas são isto. Nada mais, nada menos. E se a isto somarmos as políticas que destruíram o país, o que temos?

 

(Texto publicado no Tempo de Avançar)

09
Jul15

Passos Coelho e a reserva da intimidade

Sérgio Lavos

"Eu tenho medo de deixar as minhas filhas, a minha família, o meu marido. Tenho muito medo de morrer. O Pedro consegue tranquilizar-me e dar-me força".

Este é um excerto da biografia de Passos Coelho recentemente publicada. Há mais passagens no livro sobre a doença da mulher, no mesmo tom. Em Janeiro passado, Passos Coelho tinha enviado um comunicado informando da doença e pedindo privacidade aos media. Este pedido foi escrupulosamente respeitado (uma das coisas boas da nossa imprensa) até ter saído a biografia, em Maio passado. O livro foi escrito por uma assessora do primeiro-ministro, e portanto não só teve o conhecimento deste como foi lido e corrigido por ele antes de ser publicado. Daqui se depreende que Passos Coelho decidiu tornar públicos pormenores do quotidiano da doença da mulher, contrariando o pedido feito pelo próprio de reserva da intimidade. Passos Coelho fez uma escolha: achou que uma das formas de se mostrar mais humano (ele "tranquiliza e dá força" à mulher) seria revelar, através das palavras da mulher, detalhes da doença. Escolheu usar a doença da mulher para fazer passar uma determinada imagem para os seus leitores e potenciais eleitores. Não é especulação, é um facto, está escrito no papel. Esta pornográfica exposição da vida privada vem de resto no seguimento de várias historietas cor de rosa que conhecemos da vida do primeiro-ministro, da passagem pelo casting de La Féria até às férias de calções e chanatas em Manta Rota. Repito: Passos Coelho decidiu que a construção da sua persona pública pode ganhar com estes pedaços da sua vida privada.

Esta escolha tem continuidade nas fotos publicados na secção cor de rosa do Correio da Manhã, tiradas na visita oficial à Guiné-Bissau, nas quais vemos Laura Passos Coelho sem cabelo por causa dos tratamentos para o cancro. Quando olhei para as fotografias confesso que senti algum constrangimento ao ver alguém assumir de modo tão despudorado uma doença tão dramática. Eu não faria o mesmo. De qualquer modo, aceito que a decisão dela não seja censurável. E claro que não faz qualquer sentido criticarmos o facto de ela ter decidido acompanhar o marido numa visita oficial. O que eu critico é outra coisa: Passos aparentemente não fez qualquer esforço para evitar que as fotos saíssem no Correio da Manhã. Mais: pelo sucedido antes, na biografia, e pelo sucedido depois - ele não pediu ao CM para não publicar as imagens - só posso depreender que ele espera retirar algum ganho político da situação. Repito: o que me leva a concluir isto é o que é escrito na biografia - é difícil qualquer um não chegar a outra conclusão.

O episódio ajuda a definir o carácter de um político. Contrasta claramente com o que aconteceu com outro primeiro-ministro, António Guterres, que viveu a doença da mulher sem a expor - apenas soubemos quando ela morreu.

Portanto, não me venham com falsos moralismos e acusações espúrias. Respeito a doença e o sofrimento de Laura Passos Coelho (assim como a sua coragem em mostrar publicamente a alopécia, mas isso é outra história) mas não posso respeitar a atitude do seu marido. Ele fez uma escolha: tornou a doença da mulher facto político. E é como tal que a doença também pode ser comentada.

07
Jul15

Precisamos de declarar uma guerra sem quartel à mentira

Sérgio Lavos

"Precisamos de declarar uma guerra sem quartel às desigualdades de natureza económica e social.", disse Passos Coelho. Isto é o mesmo que:

- Dom Vito Corleone "precisar de declarar uma guerra sem quartel à máfia e aos seus crimes".

- Sepp Blatter "precisar de declarar uma guerra sem quartel à corrupção no futebol"

- Pablo Escobar "precisar de declarar uma guerra sem quartel ao tráfico de droga"

- Cicciolina "precisar de declarar uma guerra sem quartel à pornografia em geral e à zoofilia em particular"

- Estaline "precisar de declarar uma guerra sem quartel aos gulags e aos assassinatos em massa de opositores políticos"

- Hitler "precisar de declarar uma guerra sem quartel ao racismo em geral, ao anti-semitismo em particular e à ideia de genocídio no seu todo".

E assim sucessivamente. A campanha PAF! continua de vento em popa, fazendo da mentira método e do despudor táctica. Vai ser penoso.

12
Mai15

O vendedor da banha da cobra

CRG

"Some of us do go nowhere and can con ourselves into believing it to be somewhere”

Thomas Pynchon

 

Passos Coelho comparou a sua governação a um processo de cura de uma doença e que está determinado a aplicar apesar dos efeitos secundários. O Primeiro-Ministro insiste na sua visão redutora de que a política é uma ciência exacta e que para cada desafio existe apenas uma solução, o medicamento milagroso. Sucede que não só não existe uma única resposta para um problema, como a austeridade não resolveu, chegando mesmo a agravar as principais dificuldades do país: a dívida pública aumentou, o desemprego disparou, a pobreza atinge dois milhões de portugueses.

 

No entanto, o mais arrepiante é que subjacente à declaração do PM - e não é a primeira vez que o Governo e a maioria que o suporta defendem o "custe o que custar" - encontra-se a justificação ao longo da história para a prática a bem da nação das maiores barbáries, desde Mengele ao "Grande Salto Adiante" de Mao.

 

E é o exemplo perfeito de decadência segundo Pynchon: o afastamento do que é humano, quanto mais nos afastamos menos humanos nos tornamos. E como somos menos humanos, procura-se impingir a humanidade que se perdeu em objectos inanimados e teorias abstractas. E alguém que fala de pessoas como se fosse pontos ou curvas num gráfico tem crenças não-humanas.

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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