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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

11
Nov13

Tempestade perfeita

Pedro Figueiredo
Finalmente o segundo resgate surgiu em força como um dos temas maiores da agenda política nacional. Andou a ser manipuladamente escondida, mas há situações em que não é possível consegui-lo por muito tempo, sobretudo quando a realidade as transforma numa "inevitabilidade". É uma desgraça, mas, e o Governo pede imensa desculpa (ou não), os esforços feitos nestes últimos dois anos e meio não foram suficientes. É preciso continuar com estes níveis de austeridade. Perdão. Tem que se elevar a fasquia em 1,7 milhões de euros. O Governo pede novamente imensa desculpa (ou não), mas o regresso aos mercados não vai correr como era expectável pelo executivo, até porque quem prometeu tal cenário já não é ministro das Finanças e a atual detentora do cargo não lê, infelizmente, o Borda d' Água.

Tem mesmo de ser.

Seguro pede ao PM que coloque juízo na cabeça dos seus ministros, não se referindo especificamente a Machete, que foi quem fez referência a um segundo resgate. O Ministro dos Negócios Estrangeiros. Há um mês, poderia ter dito que seria preferível ser-se resgatado por Angola. Hoje, tinha de pedir desculpa primeiro (ou não).

Em circunstâncias democraticamente normais, o Governo, ao anunciar a necessidade do pedido de um segundo resgate, o primeiro-ministro colocava um ponto final nesta farsa que, no mínimo (para ser simpático), já dura desde a crise política do Verão - gerida, aliás, a partir das ilhas Selvagens, no meio das gargalhadas das cagarras -, marcada pelo novo significado da palavra irrevogável. Aproveitava o PM a comunicação ao país e anunciava eleições antecipadas.

O problema é que não vivemos em circunstâncias democraticamente normais. Sampaio da Nóvoa já o tinha referido no final de Maio, na Aula Magna. Nem de Belém se pode esperar compreensão. Basta falar-se em eleições antecipadas ao Presidente da República para vê-lo benzer-se e atirar água benta ao infame cidadão que lhe ouse falar de tal blasfémia. Os mercados nem querem ouvir falar disso. Assim é que precisamos MESMO de um segundo resgate. Oh wait...

Tempestade perfeita é isto. E o Governo não pede desculpa porque não controla as condições climatéricas que influenciam as decisões. O Borda d' Água não prevê estas situações. O bom caminho é este. Não há razão para preocupações. Stay Calm and in Merkel we trust.
11
Nov13

A necessária e urgente desautorização de Machete

Nuno Oliveira

Cada hora que passa maior a probabilidade de se cristalizar a afirmação de Machete como posição oficial do Governo ou pelo menos a expectativa do Governo.

Até se percebe a hesitação. Não é fácil vir de novo dizer que as declarações do número 3 do Governo "não são felizes". Pode haver uma sensata ponderação se não será mais prudente dispensar definitivamente Rui Machete dado o impressionante rácio de infelicidades por semana.

 

Mas é absolutamente imprescindível o Governo vir afirmar, de preferência pela voz do Primeiro-Ministro, não haver qual valor limite para os juros da dívida que dite uma solução de programa cautelar ou uma solução de resgate. Pela simples razão que estas declarações não podem pairar na comunicação social nacional e internacional como válidas. São demasiado gravosas. Uma desautorização impõe-se. Urgente.

10
Nov13

Machete quer mesmo mesmo sair do Governo, é isso?

Nuno Oliveira

É que oferecer aos "mercados" bem como à generalidade dos observadores um número com o qual especular não é propriamente a melhor forma de Portugal abordar politicamente o programa que se seguirá ao programa de assistência financeira, chame-se ele cautelar ou resgate.

 

Creio que os mais entendidos dirão que na prática Machete oferece aos mercados uma meta a testar, um desafio.

 

Via TSF:

 

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje, na Índia, que um segundo resgate «é evitável» desde que as taxas de juro a 10 anos igualem ou fiquem abaixo dos 4,5%.

Questionado sobre um segundo resgate, o ministro não afastou esse cenário que disse ser «muito mau» para a economia nacional, em declarações à Lusa à margem de um encontro com a comunidade portuguesa em Nova Deli, a quem transmitiu «uma palavra de esperança».

«Os portugueses têm de perceber que se não nos libertarmos e se não pudermos viver utilizando o que o mercado nos oferece, porque as taxas de juro são demasiado altas, seremos forçados a ir para situações de segundo resgate, que seria muito mau para a economia portuguesa», sustentou.

 

Machete transmitiu a convicção de que «os portugueses e os partidos políticos» vão encarar «firmemente a possibilidade de evitar essa situação, que neste momento é evitável».

 

A hipótese de um novo programa de apoio financeiro a Portugal dependerá, sustentou, de as obrigações da dívida pública a 10 anos se situarem numa taxa de 4,5% ou menos, valor que permite ao país «financiar as necessidades do défice em termos que não comprometem o futuro», referiu.

«Se [a taxa] estivesse acima [dos 4,5%], não é possível. Não sendo possível, teríamos de encontrar vias alternativas, que normalmente se designam como um novo resgate», acrescentou o ministro.(...)

30
Out13

A inevitável demissão de Rui Machete

Nuno Oliveira

Caminhamos para a conclusão que, de facto, Rui Machete teria mais informação do que seria suposto. Corrijamos: mais informação do que seria suposto ele admitir publicamente. O arquivamento do processo hoje noticiado pelo Público vem fortalecer essa hipótese, que já era inicialmente a mais plausível. Paulo Gorjão, tendencialmente receptivo a teses favoráveis ao Governo, também o diz

 

Podemos até partir de uma perspectiva relativamente benigna. Podemos assumir que teria havido contacto entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a Procuradoria-Geral da República de forma discreta e de forma a preservar a independência entre poderes bem como o segredo de justiça. Não seria difícil imaginar um diálogo entre pessoas experientes baseado em afirmações subtis, entrelinhas e não-ditos.

 

Partindo desta perspectiva, a articulação entre MNE e  PGR depende da capacidade dos envolvidos mas também da confiança mútua. Após este caso, é difícil acreditar existir ainda alguma réstia de confiança da Procuradora-Geral Joana Marques Vidal na capacidade e na discrição de Rui Machete. (E face à indiscrição de Machete é pertinente considerar até uma perda de confiança em Machete por parte de outros actores políticos e diplomáticos.)

 

Assim, se notarmos que processos com melindre diplomático não serão propriamente frequentes mas estarão longe de ser raros - considerem-se não apenas os dignitários estrangeiros mas também as comitivas diplomáticas sediadas em Portugal e até outras figuras de elevada relevância, vemos que num qualquer episódio futuro estará vedado a Rui Machete, com alta probabilidade, qualquer indicação da PGR, por mais discreta e subtil que fosse a indicação.

 

Vê-se assim como a inevitável demissão de Rui Machete, mesmo partindo da mais benévola perspectiva, é absolutamente imperiosa para o que costuma designar-se interesse nacional.

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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