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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

31
Jan22

O grande resultado do Livre

Pedro Figueiredo

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Foto: André Kosters/EPA

Já tinham ficado bem visíveis as difíceis condições em que o Livre iria tentar a reeleição para este novo ciclo legislativo. Chegou-se mesmo a vaticinar que, depois do episódio de divórcio com a sua única deputada, as probabilidades de voltarem a merecer a confiança do eleitorado tinham-se reduzido substancialmente.

Historicamente, a entrada de novas forças políticas no Parlamento tinha sido particularmente difícil de conseguir. No entanto, o paradigma alterou-se radicalmente em 2019 quando, pela primeira vez, três novos partidos garantiram a sua estreia parlamentar, precisamente no mesmo momento em que o PAN passou de deputado único para um grupo parlamentar de quatro tribunos.

A eleição de Joacine Katar Moreira já tinha deitado por terra a teoria de o Livre ser uma espécie de partido unipessoal, mas a eleição de Rui Tavares, confirmou a ideia de haver realmente espaço na sociedade portuguesa para uma esquerda verde e progressista. Esta vitória, analisados agora com os resultados conhecidos, torna-se ainda mais relevante pelo facto de o Partido Socialista (PS) ter conquistado uma maioria absoluta, o que na verdade foi o grande obstáculo à conquista de um grupo parlamentar do Livre. Isabel Mendes Lopes (2.ª por Lisboa); Jorge Pinto e Paulo Muacho (cabeças de lista pelo Porto e Setúbal, respectivamente) estavam e continuam a estar mais do que preparados para o combate parlamentar, mas viram, infelizmente, as suas entradas na casa da democracia adiadas por mais uma legislatura. Vítimas precisamente do discurso ecoado a partir do Largo do Rato pelo voto útil – ou maioria estável primeiro, absoluta depois, e diálogo numa terceira e derradeira fase à porta do acto eleitoral. Isto mesmo disse-o Rui Tavares, na manhã do day after, em declarações à rádio Observador, ao lembrar as inúmeras mensagens que recebeu de eleitores que se soubessem que haveria a possibilidade de ser alcançada a maioria absoluta teriam apostado no reforço do Livre.

Lembrando Mark Twain, as notícias da morte das papoilas foram manifestamente exageradas. Garantir representação parlamentar numas eleições em que desapareceram dois históricos partidos da democracia portuguesa – CDS e PEV –, e com o PAN salvo pelo gongo, assegurando o mandato solitário de Inês Sousa Real já em photo finish, é indubitavelmente um grande resultado eleitoral.

Há, no entanto, um twist, ou melhor, um outro lado desta moeda de maioria absoluta que pode ser favorável ao Livre. Foi uma maldição porque interferiu directamente na eleição de mais mandatos, mas dá uma maior margem de manobra a Rui Tavares para defender as propostas do partido no hemiciclo. E foram várias aquelas que foram apresentadas durante a campanha eleitoral, a esmagadora maioria das mais discutidas verdadeiramente urgentes para a melhoria das condições de vida dos mais carenciados, como por exemplo o Super Bónus Climático ou o Rendimento Básico Incondicional.

O Livre pode muito bem ser, mesmo neste contexto de maioria absoluta, uma voz de consciência do Governo. A avaliar pelo bom discurso de vitória de António Costa, este resultado “não significa poder absoluto” e garante diálogo com todas as forças políticas. Todas, não. A excepção é conhecida e apesar do crescimento significativo da representação em causa, o efeito prático é nulo. Vem aí uma nova e interessantíssima legislatura.

 

24
Mai15

Fazer história

David Crisóstomo

 

Decorrem atualmente as primeiras primárias para a escolha de candidatos a deputados da história da política portuguesa. Pela primeira vez, um partido decidiu abrir aos seus membros e apoiantes (e, neste caso especial, subscritores da candidatura conjunta com movimentos civis) o processo de decisão dos homens e mulheres que desejam que, no Outono deste ano, venham a ser os seus representantes eleitos na câmara parlamentar nacional da nossa democracia. Pela primeira vez, num ato democrático que celebra o 40º aniversário das primeiras eleições legislativas em tempos de Abril, há uma força partidária que deseja ir mais longe, tornar mais claro, aberto, transparente e acessível a escolha dos representantes populares, dos representantes do povo da República. 

Caso possa e entenda, candidate-se, seja proponente dos candidatos ou registe-se para poder votar

E, claro está, não podia deixar de destacar que este estaminé se encontra muito bem representado no leque de candidatos pelo Carlos e pelo Sérgio. No terceiro fim-de-semana de Junho irão a votos, para poder ajudar a determinar os votos de um outro fim-de-semana, algures entre Setembro e Outubro. 

 

Pela primeira vez, existem primárias abertas para deputados em Portugal, tanto na capacidade eleitoral ativa como na capacidade eleitoral passiva, onde todos os que comungam dos princípios daquela organização política são chamados a participar. 

Que seja a primeira de muitas, que seja exemplo para muitos.

 

11
Fev14

Será o LIVRE que irá cumprir a esperança do Bloco de Esquerda?

Diogo Moreira

O sistema partidário português, quando comparado com o de outros países, denota um bloqueio estrutural: a incapacidade do centro-esquerda conseguir fazer acordos de governo à sua esquerda. Muito se tem escrito e dito sobre as razões desse bloqueio, desde o confronto entre o PS e a extrema-esquerda no PREC, passando pelo facto do PCP permanecer um bastião do marxismo-leninismo, incapaz de considerar alianças que possam pôr em causa a pureza dos seus objectivos ideológicos. Isso teve como resultado previsível um PS que, em monentos cruciais, tem sido obrigado a procurar entendimentos à sua direita, para desgosto crescente da sua ala esquerda. Aquando do surgimento do Bloco de Esquerda criou-se a esperança que finalmente poderia surgir um partido que possibilitasse ao PS fazer entendimentos de governo à sua esquerda.

 

Embora o Bloco tenha tido um papel fundamental para a vitória da agenda de valores sociais progressistas dentro do próprio PS, algo que é ignorado por muitos, esvaziada essa agenda, a liderança de Francisco Louçã depressa demonstrou a mesma ausência de pragmatismo que o PCP. E o processo de fragmentação em curso, que empurra o Bloco para uma luta mortal pela sua própria relevância e sobrevivência, impede que a actual liderança possa aceitar qualquer entendimento real com o PS.

 

E assim abre-se espaço ao LIVRE.

 

Mas para que o LIVRE possa assumir esse lugar de relevo no sistema partidário nacional, precisa de demonstrar a sua força, e que existe de facto uma base social de apoio à sua agenda. E isso só conseguirá demonstrar indo sozinho a eleições.

Começam-se a ouvir rumores que a actual liderança do PS planeia ir coligada com o LIVRE às eleições europeias, sem dúvida um estratagema habilidoso para ofuscar o facto que Seguro é incapaz de estabelecer pontes com a ala esquerda do seu próprio partido, sendo obrigado a utilizar Francisco "Acordo com a Direita" Assis como cabeça de lista, porventura conjuntamente com uma "limpeza" disfarçada   a limitação de mandatos dos elementos mais esquerdistas do PS no Parlamento Europeu.

 

Embora possa parecer uma boa ideia, de forma a injectar sangue novo, e proeminente, de esquerda — num PS que assustadoramente se parece cada vez mais com o PSD de Passos — este poderá ser o beijo da morte do LIVRE. Afinal, a CDU é também uma coligação, entre o PCP e o PEV, embora ninguém duvide de quanto (não) vale o último sem o primeiro.

 

No actual estado do país, urge que a esquerda se afirme como uma alternativa à direita. E essa alternativa só é possível com o PS. Mas não com um PS virado à direita, baseado na "austeridade de rosto humano". É fundamental puxar o PS para a sua esquerda. Esperemos que um excelente resultado do LIVRE nas europeias, seja o primeiro passo nessa direcção tão necessária.

24
Dez13

Talvez com um diagrama do Pacheco Pereira isto fique mais claro.

David Crisóstomo

O Daniel Oliveira deu uma entrevista ao i e eu li. O Daniel saiu do Bloco e, passados uns mesitos, aparece à frente de um partido movimento associação manifesto (de um texto, basicamente). Que quer criar convergência na esquerda. Mas sem dialogar com o PS nem com o PCP. Não agora, pelo menos. Mas estão com muita urgência para convergir a esquerda. Lá para Fevereiro já têm que ter as cenas arranjadas. Porque senão, bom, não sabemos, o Daniel não respondeu à pergunta. Mas ele quer uma candidatura conjunta às europeias do Bloco, do LIVRE e do... ehr... do texto, que ele e mais outros 60 partilharam com a população. Mas também acha que "uma convergência não tem de ser pré-eleitoral". Pode ser depois, desde que seja já, tipo agora. Mas agora ele e os restantes 60 (deduzo que o majestático "vamos" seja referente a esses) vão andar a fazer "uma grande recolha de assinaturas". Não se percebe bem para quê, mas parece que vai ser grande. E vão acertar sobre quem vai andar a representar o manifesto, apesar de o Daniel já falar pela organização (há uma?). Bom, mas também se defende que as organizações partidárias só dão ouvidos a outras gentes quando tem medo destas. Excepto no caso do Bloco, diz na entrevista, que falou com o pessoal do manifesto-que-é-apenas-um-manifesto por boa vontade ou que foi. Pois "na política ninguém ouve ninguém por achar que o outro tem razão. As pessoas são ouvidas porque têm força política". Pimbas, logo é irrelevante se o Daniel tem razão, o que importa é que tenha "força". Força para gerar entendimentos à esquerda. Porque o que importa é que haja entendimentos. Coligações à esquerda e tal. Neste caso, entre o Bloco e o LIVRE. Ou seja, se o Bloco de Esquerda e o LIVRE falarem um com um outro, coligarem-se os dois e apresentarem a sua lista, o 3D, que aparentemente é só um texto, vai ficar a fazer o quê, hm?  

 

Não tenho nada contra e até louvo cidadãos que queiram ter uma participação mais activa na politica nacional e, como tal, decidam formar uma nova força politica. São as regras da democracia. Há dias dei a minha assinatura para o LIVRE com todo o prazer. Agora, tenho uma especial baixa tolerância para quem, não querendo fazer um partido, exige que os outros partidos o ouçam, batendo o pé e convocando-os para se coligarem com ele. Tenho especial baixa tolerância para quem quer contornar as regras da democracia. O Daniel et al. querem fazer um partido? Força, dou-lhes a minha assinatura e boa sorte com os estatutos. Não? Então, francamente, desamparem-me a loja. Não existem híbridos aqui. Porque eu tenho mesmo urgência em entendimentos à esquerda. Para ontem. E foi por isso que fiquei feliz com o nascimento do LIVRE. E também foi por isso que aderi a projectos de entendimento, a plataformas de convergência pluripartidárias, de que o melhor exemplo era o Congresso Democrático das Alternativas. Que agradecia que o Daniel não matasse com o seu projecto de não-partido.

 

21
Nov13

Já chega, sim?

David Crisóstomo

Vá, vou ser rápido e sucinto: enjoei da quantidade de textos que repetem a converseta de taxista sobre o LIVRE: 'serve para o Rui Tavares continuar em Bruxelas'. Artigos de opinião escritos, nalgumas circunstâncias, por gente respeitável (e vidente, no caso do Luís Menezes Leitão, que já teve acesso a um programa-que-não-existe e a medidas-que-não-foram-propostas). Pois bem, vamos lá reavivar a memória deste pessoal amnésico:

 

31/08/2013 - 1º convite do PS: "Rui Tavares recusa ser candidato pelo PS: Sondado pelo PS, Rui Tavares diz que não será candidato por nenhum dos partidos existentes"

 

05/11/2013 - 2º convite do PS: "Rui Tavares recusa ser candidato às europeias nas listas do PS: O eurodeputado Rui Tavares declarou hoje à agência Lusa que não aceitaria um convite para integrar as listas do PS às eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para maio de 2014."

 

E para os cavalheiros que acham que é mais fácil ou confortável criar um partido [com primárias abertas (sim Louçã, tem calma, bebe um copo de leite quente com mel e respira fundo)], recolher as 7500 assinaturas necessárias e andar pelo país inteiro a fazer campanha sem o apoio de nenhuma das grandes máquinas partidárias, do que simplesmente vir em 4º ou 5º na lista do principal partido da oposição e provável vencedor das próximas eleições europeias em Portugal, aconselho uma boa e longa noite de descanso, pois claramente não estão a regular muito bem. Bom, podemos encerrar de vez esta lengalenga populista de "o Rui Tavares criou um partido para ser eleito"? Podemos? Sim? Agradecido.

 

18
Nov13

À atenção da Catarina e do João

David Crisóstomo

Oh sô Carlos Guedes, caríssimo deputado municipal de Almada e funcionário do Bloco de Esquerda, explica aqui à populaça: isto de fazeres print screen duma página falsa e caluniosa do Facebook [Moreira de Sá, is that you?], indignares-te bastante e depois, através de um link, encaminhares os teus leitores para a página verdadeira do LIVRE, foi um pensamento fruto do teu brilhantismo intelectual ou nem por isso? Dou-te o beneficio da dúvida pois, apesar de já teres fama destes cobardes afãs, pode ser que tenhas recebido uma dica do palacete da Rua da Palma. Pois bem caro Carlos, como foi? Estavas a cumprir ordens dos altíssimos ou foste só muito estúpido? 

 

 

Adenda: vejo que já houve um "esclarecimento". Muito bem.

 

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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