A santa Maria Luís
Maria Luís Albuquerque (para os amigos, Miss Swaps) é um fenómeno da direita. Enquanto administradora da REFER, contratou swaps tóxicos que custaram milhões de euros ao contribuinte. Depois, quando era responsável da IGCP, autorizou mais swaps tóxicos, da Estradas de Portugal. Chegou ao Governo, primeiro como secretária de Estado do Tesouro e depois como ministra das Finanças e renegociou alguns dos swaps que tinha contratado ou autorizado antes, ajudando à antecipação de receitas das entidades financeiras com quem tinha negociado. Entretanto, o Estado injecta 800 milhões no Banif, tornando-se dono do banco. Enquanto ministra da tutela, supervisionou indirectamente (ou pelo menos teve conhecimento de) as operações financeiras do banco, que incluíram a venda de crédito mal parado do Banif à Arrow Global. E três meses depois (3!) de ter saído do Governo, lá tem o lugarzito à espera na (rufem os tambores) Arrow Global. Ela diz que é tudo legal, e tem toda a razão, até porque o partido a que pertence, o PSD (em conjunto com o CDS), chumbou em 2012 uma lei proposta pelo BE que previa que os governantes tivessem um período de nojo de seis anos até poderem ocupar cargos em empresas que tinha sido tuteladas por eles (mas não deixa de ser verdade que a lei em vigor diz que esse período de nojo é de três anos). Como ela afirma no seu comunicado, qualquer especulação que possa ser feita sobre eventuais promiscuidades ou pagamento de favores não passa de "mero aproveitamento político-partidário". Ficamos assim, então, a senhora é uma santa (chegou a falar-se na possibilidade de ela vir a ser líder do PSD), e ninguém poderá pôr em causa isso. Ámen.