Adoro esta gárgula
Tal como a Shyznogud, a minha alma também ficou parva ao ler a crónica com que Vasco Graça Moura decidiu ontem deliciar os seus leitores. Eu nem sei o que dizer:
"Agora, e em paralelo com esta opacidade progressiva do diálogo, está-se a assistir à proliferação do insulto. E, pior, o insulto não se limita a ser personalizado, entra no próprio plano institucional."
"É um processo de agitação e desgaste muito preocupante, porque bloqueia quaisquer possibilidades de discussão e apreciação crítica daquilo que estiver em causa e porque é susceptível de alastrar como forma de protesto numa dinâmica de massas que não se sabe onde pode ir parar. O problema não se resolve limitando a liberdade de expressão nem excluindo a polémica por mais acesa que seja, mas é necessário perceber-se o grau de responsabilidade que decorre desta instrumentalização e generalização do insulto como arma política. Um país que não respeita as suas instituições legítimas é, por definição, um país inculto. E isso só pode aumentar a gravidade do insulto."
Há coisas incríveis: Vasco Graça Moura, que é quase incapaz de escrever uma crónica sem insinuar, injuriar ou caluniar algum ser ou organização que não lhe mereça um particular apreço, vem agora clamar que 'está-se a assistir à proliferação do insulto.' Tudo devido ao caso do 'palhaço'. Meu Deus. Numa breve volta pelos textos publicados pela douta personagem desde Dezembro de 2009 no DN, eis os não-insultos que fui encontrando:
"O país votou nessa cambada. O país prefere a porcaria. Já está formatado para viver nela e com ela."
"(...) o congresso do Partido Socialista em Matosinhos depressa perderá todas as ilusões: o paroxismo demencial daquela gente foi encenado para não permitir entendimento nenhum. Nem mesmo um começo de diálogo com outras forças políticas. Ao longo de três dias intermináveis, sempre que abri a televisão só consegui ouvir alaridos estrídulos naquele espaço. Parecia uma reunião de regateiras a guinchar com dores de barriga."
"(...) o primeiro-ministro macaqueia uma viragem (...)"
"(...) o mais estúpido eleitorado da Europa (...)"
"(...) o centenário da tristérrima República implantada em 1910 por obra e graça de uma pseudo-elite despeitada, tanto monárquica como republicana, de uma tropa dividida e sem dignidade, de um maralhal de marçanos e carbonários, de uma sinistra piolheira popular abaixo de toda a qualificação..."
"(...) o PS não vai cumprir nada daquilo a que se obrigou. Nunca cumpre. É uma organização relapsa a manter a palavra dada e a honrar as promessas feitas. Só tem sobrevivido graças à idiotia pacóvia de um eleitorado habituado à lei do menor esforço e que votou nele a contar com benesses grátis e duradouras. Agora, esse mesmo eleitorado, a que em tempos tive a feliz inspiração de recomendar que se besuntasse e rejubilasse com a própria estupidez, vai torcer a orelha e será o primeiro a querer dar um pontapé no rabo do Governo."
"(...) o insignificante presidente do Governo Regional dos Açores (...)"
"E já estou a ver daqui no mesmo comprimento de onda patibular alguns dromedários que me fazem o favor de se babar de raiva a cada um dos meus artigos. Descontadas as lateralidades inconsequentes da parte dessa vilanagem, (...)"
"(...) o desastroso Sócrates (...)"
"Este Governo é cancerígeno (...)"
"Mas ainda há, aqui e ali, uns trejeitos ranhosos de gente que não desarma (...)"
"A estabilidade não pode configurar um mero chavão para os lorpas (...)"
"Eu, cá por mim, com a queda desta gente execrável, só posso exclamar: - Aleluia!"
"(...) a sondagem que o Expresso divulgou no dia 2, realizada já depois de estar mais do que à vista a bancarrota que nos espera, mostra que ainda há uns 30% de baratas tontas e masoquistas que não aprenderam nada na sua aberrante obtusidade: são criaturas que pelos vistos adoram ser aldrabadas (...)"
"(...) somos um país de cábulas manhosos governado por um elenco de medíocres sem tino."
"O que não impede uma série de asnos, uma camarilha execrável e alguma canalha menor, dessa que anda sempre de dedo no gatilho pronta a disparar em todas as direcções em defesa do indefensável, de gabar as maravilhas estrondosas que alcançámos nos últimos seis anos."
"A partir de agora, Portugal sujeita-se a inspecções e verificações periódicas, metódicas e severas, tal como as putas de antigamente, que tinham de circular com um livrete de tarja amarela e de comparecer regularmente à inspecção médica."
"É preciso derrubar o actual Primeiro-Ministro, custe o que custar. E mesmo assim nada nos garante que, na oposição, essa ave funesta não continue a representar uma obscenidade de mau agouro para o nosso país."
"Por sua vez, o Tratado de Lisboa, que o governo de José Sócrates, de rabinho servilmente metido entre as pernas, se apressou a ajudar a aprovar (...)"
"(...) à canalha ignara e oportunista que lhe deu o poder, (...)"
"Hoje, este país de tansos irresponsáveis (...)"
"(...) neste país de calaceiros crónicos e complacentes."
"Os maquinistas da CP acabam de mostrar que o Estado de Direito não vale dez réis de mel coado para a sua arrogância totalitária."
"Tenho pouca paciência para os trejeitos do autor de um livro intitulado O Novo Acordo Ortográfico, que não li, não tenciono ler e achei, de resto, perfeitamente detestável."
"Ora não me lembro de ver nenhum dos garnizés de serviço à propaganda e à concretização da governação socialista (...)"
"(...) à célula de canalhas anónimos e filhos de pai incógnito que costumam pôr-se aos uivos com os meus artigos, aqui na caixa de comentários do DN, e a quem da próxima vez terei a justeza de chamar hienas fétidas."
"A arruaça promovida por essa associação de malfeitores (...)"
"(...) varrer aquela canalha selvática (...)"
"(...) um grupo de facínoras sem escrúpulos."
"(...) vão surgir logo umas ONGs patéticas (...)"
"(...) é uma manifestação selvática e absolutamente vergonhosa (...)"
"O pior é que essa fauna rasca (...)"
É de rir & chorar.