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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

30
Abr14

O mundo mudou numa quinzena

David Crisóstomo

 

15 de Abril de 2014 - "A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, revelou hoje ao país quais as medidas aprovadas, em sede de Conselho de Ministros, e que vão permitir ao Estado poupar 1.400 milhões de euros, sublinhando que “não haverá aumento de impostos e não haverá adicional esforço sobre salários e pensões."

 

30 de Abril de 2014 - "O Governo vai aumentar a taxa normal do IVA em 0,25 pontos percentuais em 2015, para os 23,25%, revertendo a receita adicional "integralmente para os sistemas de pensões", de acordo com o Documento de Estratégia Orçamental (DEO)."

 

 

Adenda:

12 de Abril de 2014 - "“Nós, na próxima semana, iremos comunicar essas medidas. Não são medidas que incidam em matéria de impostos, salários ou pensões, creio que já esclareci bem essa matéria e não creio sinceramente que devemos estar todos os dias a criar uma notícia em volta dessa matéria”, disse Pedro Passos Coelho."

 

29
Abr14

Inovação e excelência

Sérgio Lavos

O Governo parece ter encontrado uma nova modalidade de propaganda para os media reproduzirem acriticamente. Depois dos balões de ensaio para medidas difíceis, dos comunicados elogiando esquivos feitos ou da matraca constante da baixa dos juros, chegámos a uma altura do campeonato em que o irrevogável conglomerado tem de começar a sacar os ases que tem na manga, enfrentando o cutelo aguçado de uma estrondosa derrota nas eleições que se avizinham. Como a mordaça da troika é apertada e a mentira tem cada vez perna mais curta, torna-se complicado fazer promessas (uma estratégia que começa a ficar tão exposta como o crâneo de Passos Coelho) ou atenuar os cortes que foram fazendo nos últimos anos (tendo em conta que nenhum ajustamento estrutural foi feito e que a economia nacional encontra-se presa por fios ainda mais esgarçados do que os que a seguravam em 2011). O que inventar, então? Pedro Mota Soares, do dissimulado partido, parece ter encontrado o caminho: anunciar como boa nova a manutenção do que já existe. É mais complicado do que aparenta, e requere um assinalável esforço de planeamento a médio prazo, em três passos: primeiro, pôs-se a circular a notícia de que os despedimentos sem justa causa veriam a correspondente indemnização drasticamente reduzida; segundo, choro e ranger de dentes na CGTP e na UGT; terceiro, e exactamente um dia antes do muito aguardado anúncio do Documento de Estratégia Orçamental, atirar para as redacções a bombástica notícia (via fonte anónima do ministério, é para isto que servem os especialistas pagos por todos nós a peso de ouro) de que afinal estas indemnizações não serão reduzidas. Por outras palavras: vai ficar tudo como está, e isso é uma grandiosa vitória de Mota Soares, convenientemente enublando a discreta novidade de que afinal o salário mínimo (a "bomba" noticiosa de há umas semanas) não irá ser actualizado este ano e que os cortes nas horas extrodinárias irão ser "provisoriamente mantidos" de forma indefinida. 

Bela jogada, Mota Soares. Se isto fosse uma competição de saltos para a água, bateria aos pontos o esforço de Moreira da Silva, que, através do anão ventríloquo Mendes, lançou para praça pública a notícia de que serão negociadas as rendas na energia e que isso irá fazer-se notar na conta do gás dos portugueses. Note-se que esta notícia é conjugada num futuro muito condicional (ou não falássemos de rendas das empresas de energia, o corte pedido pela troika desde o início do programa e nunca concretizado). Um pormenor, porque o que interessa é que as pessoas saibam que tudo vai mudar num futuro próximo, preferencialmente depois das Europeias.

A intoxicação da opinião pública, a única área de excelência deste Governo, prossegue a bom ritmo. Mas a realidade é tramada e surgirá como um muro intransponível onde a desbragada locomotiva governamental irá embater. Não vai ser nada bonito.

27
Abr14

Maria Luís, tu pelo amor de deus corta-me este custo intermédio

David Crisóstomo

Estas coisas tiram-me do sério - já não bastava mantermos uma representação diplomática permanente e exclusiva para o mais pequeno país do mundo enquanto fechamos consulados em cidades com milhares de portugueses emigrados? Ainda enviamos o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros para assistir e "para participar" (?) numa cerimónia em que as autoridades da Santa Sé anunciam que dois dos seus ex-líderes devem agora ser venerados? Para depois o ocupante das Necessidades ainda se pôr a discorrer sobre o "significado extremamente importante" da declaração de 'santidade'? Para "falar um pouco sobre Fátima" com o governante lá da cidade?

Mas a República Portuguesa agora reconhece santos e milagres? Mas ignora-se assim a Lei da Liberdade Religiosa, que refere no nº2 do artigo 4º que "nos actos oficiais e no protocolo de Estado será respeitado o princípio da não confessionalidade"? Mas gastamos dinheiro com isto? Mas isto é pago com os meus impostos? Mas não têm mais nada que fazer ou outros assuntos para tratar? Mas este tipo está a representar-me? Mas que raio?! 

 

27
Abr14

A voz asfixiada do cidadão

Nuno Pires

O espaço "A Opinião de José Sócrates", transfigurado por José Rodrigues dos Santos num momento de zaragata televisiva da estação pública, foi o tema do programa "Voz do Cidadão" emitido no passado dia 19 de abril.

 

No final de um programa em que se deu voz a diferentes perspetivas sobre a inusitada (e, a meu ver, desagradável) transfiguração daquele espaço de opinião, o Provedor do Telespectador, Jaime Fernandes, não podia ser mais claro: face à evidência de que um espaço de opinião "pressupõe que o comentador faça as considerações que entende sobre temas da actualidade sem necessitar de contraditório", aquele espaço de opinião "deverá regressar à sua forma original ou, caso contrário, deixa de fazer sentido na televisão pública".

 

Entretanto, ninguém sabe muito bem o que aconteceu. No dia 20 de abril (logo após a emissão do programa do Provedor do Telespectador), a opinião de José Sócrates simplesmente desapareceu da emissão da RTP1. E justificações trôpegas relacionadas com a conquista de um troféu futebolístico naquela data esbarram no facto de já no passado, por questões de programação, este programa ter sido emitido no dia anterior ou no seguinte.

 

Mas o mais bizarro ainda estaria para vir.

 

A RTP disponibiliza um serviço online através do qual qualquer cidadão pode ver ou rever um programa emitido pela estação pública - o RTP Play. E a "Voz do Cidadão" não é exceção. Ou melhor, não é exceção o programa, mas é exceção aquele programa.

 

Como o Miguel Abrantes refere e bem, encontram-se disponíveis no RTP Play as várias emissões do programa "Voz do Cidadão" - as anteriores e a seguinte. Mas é omitida aquela em que se alude à lamentável performance de José Rodrigues dos Santos.

 

Face ao exposto, torna-se difícil não pensar em coisas que se pensava pertencerem já ao passado. A verdade é que, ainda que entretanto venha a surgir uma atabalhoada desculpa para esta omissão, este programa terá sido censurado de um serviço público.

 

Por isso, aqui fica a emissão de 19 de abril do programa "Voz do Cidadão".

 

 

26
Abr14

Lá chegará a altura - cheque saúde

mariana pessoa

Já no passado havia feito referência às semelhanças entre as narrativas políticas de direita protagonizadas por David Cameron no Reino Unido e as disseminadas pela direita (perdão, pedro marques lopes) em Portugal (já que usar a expressão protagonismo e Passos Coelho na mesma frase pode soar a anedota).

 

Pelo caminho que percorremos, lá chegará o dia em que um qualquer Ministro(a) nos dirá que "Há enorme desvio entre o que os portugueses querem do" SNS "e o que estão dispostos a pagar", tal como Gaspar havia afirmado a propósito do Estado Social.

 

Assistiremos à materialização de uma agenda mediática que colocará em causa, por exemplo, o direito dos doentes com cancro do pulmão por hábitos tabágicos a recorrerem ao SNS e aos dispendiosos tratamentos. A seguir serão os diabéticos tipo 2 (diabetes "adquirida", para resumir a diferença), porque comeram doces e salgados até serem irremediavelmente obesos e sedentários.

 

No Reino Unido, David Cameron privatiza à velocidade da luz valências que pertencem ao NHS, como Oncologia e cuidados continuados. Sabendo que são tratamentos dispendiosos,será uma questão de tempo até estas empresas privadas começarem a escolher os seus doentes. E aí assistiremos a uma nova factura da sorte: o acaso de sair cancro x ou y. Chamem-lhe "cheque-saúde"if you will.

 

 

25
Abr14

24 de Março de 2022

David Crisóstomo

 

A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.

Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.

A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.

 

Constituição da República Portuguesa

 

É ridículo para alguém que quando nasceu já o 25 de Abril tinha atingido a maioridade pôr-se a descrever o significado da data. É ridículo no sentido em que, tendo noção de como era o país há 40 anos atrás, não faço a mínima ideia de como era viver no Portugal de há 40 atrás. Nem os meus país nem avós me conseguem descrever adequadamente, já que também eles não viveram nesse Portugal sombrio. É ridículo porque sou um sortudo, um sortudo que já nasceu numa democracia consolidada, que já nasceu num país pacificado, que já nasceu num Estado de Direito onde o povo é soberano, que já nasceu cidadão europeu, que já nasceu numa república com um ensino público e um serviço nacional de saúde, que já nasceu numa época em que o sufrágio eleitoral universal se tinha tornado na mais bela banalidade fundamental. Um monumental sortudo.

 

Hoje, eu e todos celebramos essa sorte. A sorte tremenda que temos de viver no regime há 40 anos instaurado. No estado de direito democrático que habitamos e que construímos. Celebramos a sorte tremenda que foi aquela madrugada onde morreu um regime medievo. Celebramos a sorte abismal que foram estes 40 anos de desenvolvimento, de democracia, de liberdade. 40 anos numa nação onde a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é letra morta. Celebramos a sorte de já terem passado quatro décadas. Celebramos a sorte de podermos vir a festejar outras tantas. Celebramos a sorte que foi Abril.

 

O Estado Novo durou 48 anos. Mais precisamente, 47 anos, 10 meses e 28 dias. Foram 17499 dias de ditadura. O desafio máximo que todos temos hoje é o de ultrapassar este número, de festejarmos o dia em que já teremos vivido mais dias em democracia do que em ditadura. Esse dia, o 17500º dia de democracia, será a quinta-feira 24 de Março de 2022. Nesse dia celebraremos. Celebraremos o espírito que vingou na outra quinta-feira de Abril de 1974. É nosso dever ter a sorte de lá chegar para celebrar.

 

Pág. 1/3

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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